Uma questão de estrelas – Celebridades, hotéis e excentricidade
18 de maio de 2010Se existe o trabalho intensivo, também há o lado glamuroso da hotelaria. Os meios de hospedagem ficam famosos por receber estrelas e até se destacam historicamente por isso, mas nem sempre é fácil lidar com elas. Pegando carona na coluna Celebridades, publicada todas às sextas-feiras no site, vamos falar da mistura de diversão, trabalho e fama, que traz um resultado que, no mínimo, rende algumas curiosidades: hóspedes cheios de excentricidades que deixam qualquer concierge louco.
Por Ana Lucia Silva
Todas estas características são um prato cheio para os luxos e mimos das celebridades que demonstram muita criatividade na hora do check-in. “Estes hóspedes recebem cuidados exclusivos, onde as equipes nesta hora se unem com o intuito de superar as expectativas”, afirma Rodrigo Oliveira, gerente de Recepção do Mercure Grand Hotel Ibirapuera. “As celebridades demandam uma atenção a mais, esperam melhor atendimento e têm solicitações especiais. Quando são hóspedes habitués já sabemos suas preferências, caso o contrário entramos em contato com os assessores e a equipe para melhor atendê-los”, completa Campos.
Alguns empreendimentos, como o francês Scribe, usam de seu prestígio com as celebridades para se diferenciar. Esse hotel parisiense de 150 anos possui seis andares temáticos com as suítes decoradas em homenagem aos seus grandes frequentadores, como é o caso de Julio Verne, Marcel Proust e da cantora Josephine Baker, que morou durante anos em suas instalações.
Já os sites e tabloides se divertem ao divulgar as excentricidades e gostos particulares das estrelas. O site concierge.com, ligado ao Condé Nast Traveler, criou até uma lista com os 15 piores hóspedes. “Quando situações embaraçosas acontecem, temos que encarar nosso profissionalismo, e não demonstrar qualquer mínima reação que transpareça surpresa ou desacordo com o que nos é solicitado, ou seja, independentemente de qualquer situação inesperada, sabemos que a discrição e o sigilo é o princípio de nossos serviços”, explica Oliveira. “Vendemos nossos serviços, vendemos nossa arte de bem receber”, completa.
HN: Como é ser um concierge?
Guilherme Borges: Ser concierge é uma profissão muito interessante. Estou em hotelaria há 10 anos e amo o que faço. Lidar com pessoas é algo muito interessante e satisfatório, mas não é nada fácil. Cada hóspede é único e temos que ter o ‘feeling’ para ser o mais generoso e profissional com todos eles. São culturas, manias, sonhos diferentes e isso começa a fazer parte da nossa rotina diária.
O mais importante é tentar superar as expectativas, quando nós temos o retorno positivo do hóspede é algo fabuloso. Saio do balcão com o sentimento de que a missão foi cumprida.
HN: Quais são os maiores desafios?
Borges: São muitas solicitações diariamente, diversos pedidos dos mais simples até o complicado e temos que fazer tudo conforme os nossos hóspedes desejam. Precisamos mostrar segurança ao passar informações. O maior desafio de todos, porém, é manter a consistência no serviço e atendimento.
HN: Você já passou por alguma situação embaraçosa com relação a receber celebridades?
Borges: Nesses 10 anos de hotelaria, eu nunca tive nenhuma situação embaraçosa relacionada às celebridades. Nós sempre mantemos a nossa postura profissional e estamos bem treinados para sair dessas situações mais complicadas. Apesar de muitos acharem que trabalhar como concierge é somente fazer reservas e indicações, estão muito enganados. Temos que estar atualizados o tempo inteiro. Nós lemos muito, estudamos e estamos ligados 24 horas em tudo o que acontece. A nossa rede de contatos é imensa para satisfazer os nossos hóspedes em tudo. O concierge sabe de tudo, aliás quase tudo, quando ele não sabe de algo, ele conhece quem sabe.
HN: Já aconteceu algum pedido inusitado ou mesmo impossível?
Voltando ao mundo dos famosos, confira algumas excentricidades dos astros pelo mundo e esteja preparado se algum deles bater o sino do seu balcão.
Los hombres
Justin Timberlake só se hospeda se tiver o andar todo reservado em seu nome, com academia privativa e vídeo games. Antes de sua chegada, os filtros do ar condicionado devem ser trocados e as maçanetas das portas desinfetadas regularmente.
O sessentão Rod Stewart manda uma equipe verificar todos os pontos de luz do quarto. O cantor só aceita a hospedagem se não houver nenhuma claridade enquanto tira sua soneca da tarde.
As divas
Se toda celebridade é exigente, as divas não fogem à regra. Mariah Carey pede, no momento da reserva, para que novos assentos sejam instalados no banheiro, assim como torneiras de ouro. Na hora do banho, água mineral francesa deve estar à disposição para ela e para seus cãezinhos. Além disso, a musa ainda exige dois DVD players, que devem exibir seus vídeos.
Madonna, além de fazer exigências como 800 quilos de gelo em seu camarim, pede que o hotel providencie chá de equinácea, um estimulante para o sistema imunológico.
Exigências brazucas
Várias bandas passaram pelo Brasil nos últimos tempos e trouxeram com elas uma série de pedidos bizarros. A banda Franz Ferdinand exigiu quatro cartões postais com selos e dois exemplares de jornais britânicos, sendo um deles um tabloide.
No show dos Rolling Stones nas areias cariocas, além de 100 toneladas de equipamentos, também vieram uma série de requerimentos: 60 apartamentos e sete suítes no Copacabana Palace, sendo duas delas só para Mick Jagger, com menu com 16 opções de travesseiro. Além de uma área de ginástica exclusiva para o vocalista.
Lendas
Algumas personalidades ficaram na história. Nos anos 1980, James Brown exigiu um secador de salão para seu quarto e Diana Ross pediu para que nenhum colaborador do hotel fizesse contato visual com ela. Já o rapper Snoop Dog preferiu solicitar a visita de 12 garotas em seu quarto.
Mas, talvez, a celebridade insuperável no quesito bizarrice seja o artista Salvador Dalí. O pintor pediu que lhe fossem entregue um cavalo e uma ovelha em sua suíte, além de levar suas duas jaguatiricas de estimação para o apartamento do Le Meurice, em Paris. Os bichanos arranharam a suíte presidencial inteira. Como se tudo isso não bastasse, pediu, ainda, que os colaboradores pegassem algumas moscas para ele no Tuileries Garden, pagando por cada inseto. Apesar de tudo, para agradecer a complacência com suas excentricidades, Dalí enviava a cada Natal litografias autografadas para a equipe do hotel.
Quebra-quebra
O maior temor não está nas listas intermináveis e no intricado sistema de segurança, mas, sim, nas brigas, confusões e ataques de raiva que os famosos resolvem descontar nos quartos.
Amy Winehouse não deixou por menos. Quando as camareiras entraram em seu quarto no Riverbank Plaza Hotel, em Londres, encontraram inúmeras garrafas e maços de cigarros espalhados pela suíte, junto com as manchas de bebidas no carpete e lingerie suja pelo chão. O resto do susto foi o estado em que encontraram o banheiro, todo manchado de preto com a tinta de cabelo da cantora.
Axl Rose, líder do Guns ‘n’ Roses, foi o terror dos hotéis nas décadas de 1980 e 1990, promovendo uma quebradeira geral logo após bebedeiras e discussões. O último grande ataque do cantor foi em 2006, no Berns Hotel, em Estocolmo: após brigar com uma mulher no lobby do hotel, mordeu a perna de um dos seguranças que tentava separar a briga.