Porto de Galinhas - prejuízo bilionário_Artur MarojaMaroja aguarda medidas do governo para decidir o que faz com a equipe 

Mesmo sentindo graves efeitos na demanda em função do coronavírus, hotéis de Porto de Galinhas (PE) ainda recebem hóspedes. No entanto, as propriedades ainda abertas devem paralisar atividades já na semana que vem, não retornando antes do final de maio, como apurou o Hotelier News. Como a hotelaria é a principal âncora do turismo local, o Porto de Galinhas Convention & Visit Bureau (PGC&VB) estima elevadas perdas para a localidade. Nas contas da entidade, o prejuízo pode chegar a quase R$ 1 bilhão em apenas três meses.

O montante calculado se baseia em um estudo produzido pela UFPE (Universidade Federal de Pernambuco). Segundo o levantamento, Porto de Galinhas recebe cerca de 100 mil turistas mensais, com gastos de R$ 465 por dia. “Eles ficam, em média, sete noites por aqui”, informa Artur Maroja, presidente da ABIH-PE (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Pernambuco) e diretor Administrativo do Hotel Solar Porto de Galinhas.

“Então, se o turismo ficar parado 90 dias, a expectativa de falta de receita chega a R$ 976 milhões no período. Do jangadeiro ao hoteleiro, é um impacto vertical e brutal na atividade turística local”, ressalta Maroja. “Ainda temos cinco hóspedes no hotel, que vão embora nos próximos dias. Estamos trabalhando para dar tranquilidade e segurança a eles, fornecendo as melhores condições para que possam voltar para casa. Depois, é fechar”, completa.

Situação similar vive o Grupo Armação, dono do Hotel Armação e do Kembali Hotel. “Amanhã (27), paralisamos as atividades do Armação. Na quarta-feira (1) será a vez do Kemabli, quando saem os últimos hóspedes”, revela Valéria Gordilho, gerente Comercial do grupo. “Tivemos um 2019 difícil, com a quebra da Avianca e o vazamento de óleo nas praias do Nordeste. Em função do último, fomos forçados a vender boa parte da oferta de janeiro no próprio mês. Quando achamos que o vento ia mudar, veio o coronavírus, mas tenho fé de que tudo vai mudar”, acrescenta.

Porto de Galinhas - prejuízo bilionário_Valéria GordilhoValéria: últimos clientes saem dia 1º do Kembali; reabertura no final de maio

Apesar da brutal queda na demanda, os dois hoteleiros indicaram que farão de tudo para preservar empregos. "Agora, é um dia de cada vez, na espera por notícias vindas de Brasília. Estamos estudando a melhor maneira para sobreviver. Como só a partir de amanhã que paralisamos a operação, estamos trabalhando com banco de horas para liberar os funcionários e concedendo férias a quem tem por direito”, explica Valéria. “Não estou pensando em redução do efetivo. Vamos conceder férias, em um primeiro momento. Aguardamos as medidas de socorro do governo federal para tomar decisões”, complementa Maroja.

Problemas em Porto de Galinhas e na capital

Com 48 casos confirmados até ontem (26), segundo a SES-PE (Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco), o estado teve o terceiro óbito pelo Covid-19. Com as ocorrências concentradas na capital, Carlos Periquito, diretor executivo da ABIH-PE, revela que a hotelaria local ainda tem parte dos empreendimentos em operação.

“Por ser uma capital, e até por questões de segurança, ainda temos hotéis em funcionamento. Há unidades que recebem tripulações de companhias aéreas, mas a ocupação naturalmente está muito baixa”, revela. “No entanto, algumas propriedades têm criado pacotes especiais para profissionais da área de saúde que não querem retornar para casa para evitar riscos para suas famílias. É uma alternativa”, destaca.

(*) Crédito da capa: Thiago Cavalcanti/PGC&VB

(**) Crédito da foto: Arquivo HN

(***) Crédito da foto: Arquivo HN