silvio gomes- tres perguntasGomes já presidiu a Les Clefs d'Or Brésil

Foi uma semana inteira de homenagens a esses profissionais tão relevantes na relação com os hóspedes. Ao longo da semana, conversamos com Julio Soares, Carmen Gonzalez, Júnior Gasparoti e Lucas Medeiros. Deixamos por último Silvio Gomes, que tem uma longa carreira na função de concierge e já presidiu a Les Clefs d’Or Brésil.

Catarinense, Gomes cursou psicologia pela PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná), mas acabou não concluindo a graduação na área por ter se mudado para o Rio de Janeiro. Era o final dos anos 1980 e foi ali na Cidade Maravilhosa, e após uma formação em Hotelaria, que ele iniciou sua trajetória no setor.

“Atuei durante sete anos no hotel Le Meridien como operador internacional, caixa de recepção e auditor noturno. Descobri minha paixão pela conciergerie no Sofitel Copacabana, onde exerci o ofício por 20 anos, 19 dos quais como chefe do setor”, comenta Gomes, que ainda aguarda o retorno ao trabalho no Fairmont Rio de Janeiro (veja In Loco) após o início da pandemia.

Na entrevista de hoje (3) para o Três perguntas para, Gomes fala um pouco sobre essa ansiedade de voltar ao batente, o novo normal e dá dicas para quem deseja ingressar na área de conciergerie.

Três perguntas para: Silvio Gomes

Hotelier News: O que você espera para a volta ao trabalho? O que será diferente? Como está se preparando para isso?

Silvio Gomes: A expectativa do retorno é grande e muito esperada, sobretudo para reencontrar os amigos de trabalho e retomar as atividades da profissão pela qual sou apaixonado e sinto muito prazer em exercer. Ainda não recebemos feedback da empresa sobre mudanças previstas, porém, dada a ordem da pandemia, entendo que acontecerão, principalmente nas formas de higienização dos espaços físicos, assim como novas adaptações de distanciamento social e formas de relacionar-se com clientes internos e externos. Neste período de recolhimento, faço muitas reflexões sobre experienciar “novas possibilidades”. No retorno ao trabalho, preparo-me emocionalmente para estas mudanças, exercito muitas técnicas para controle da ansiedade (respiração, meditação e relaxamento, entre outras) e isso contribuirá muito a receber estas tais “novas possibilidades” de forma mais tranquila e serena. É difícil mudar velhos hábitos. Novas adaptações exigirão treinamentos coletivos por parte da empresa e, de fato, sair da “zona de conforto” requer disposição e empenho de todos.

HN: Especialistas dizem que o "novo normal" deve acelerar a transformação digital da hotelaria. Na sua visão, onde o fator humano vai se encaixar nessa equação? Qual será o papel dos concierges?

SG: Penso que a transformação digital já está em curso há bastante tempo. Ainda assim, é muito possível que a pandemia, como resultado do distanciamento social, acelerará este processo. Como o fator humano vai se encaixar nesta equação prefiro atribuir ao tempo futuro para vermos o resultado. Gostaria apenas de observar que a espécie humana tem grande capacidade de adaptação e não penso que será diferente agora. Independentemente de uma transformação digital acelerada, o papel do concierge permanecerá muito relevante, sobretudo para a hotelaria de luxo. A bem da verdade, essa transformação, esses avanços, mudanças e facilidades das novas mídias sociais já se dão há algum tempo e não perdemos nosso espaço. Tivemos que fazer ajustes e adaptações na forma como atuamos em nossos balcões de conciergerie. Tivemos que acirrar e aprofundar nossos conhecimentos, aumentar nosso networking para estarmos mais aptos às informações. O fato é que a máquina não substitui algumas habilidades humanas e é assim que mantemos nossa relevância na hotelaria.

HN: Para quem deseja ingressar na área, o que recomenda?

SG: Minha recomendação para quem deseja ingressar na área é investir pesado no conhecimento de idiomas, ajustar seus valores de vida para a diversidade, de forma a tornar mais fácil seu entendimento e respeito com as diferentes culturas com as quais nos relacionamos frequentemente nos hotéis. Uma formação acadêmica em hotelaria e turismo poderá auxiliar quem pretende fazer carreira. Para finalizar, diplomacia e ética são virtudes fundamentais para o profissional de conciergerie.

(*) Crédito da foto: Arquivo pessoal