De forma dúbia, novos investimentos na capital mineira tendem
a profissionalizar o setor hoteleiro da região e, em contrapartida,
exacerbar a oferta de leitos, o que pode gerar crise
(foto: arquivo HN)

 
É sintomático que a capital mineira ganhou, no último biênio, os olhos do setor hoteleiro e de construtoras interessadas em desenvolver projetos nesta lavra. Por alto, há pelo menos dez grandes intentos em fase de semeadura nesta região que hoje já é responsável pelo quinto maior PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil.
 
O rol não é frágil: Holiday Inn, Tulip Inn, PullmanMeliáSite Savassi – com ibis budget e Novotel – e até mesmo a especulação de uma unidade Fasano. São redes e marcas, em sua maioria, de porte e que tendem a redesenhar a estrutura hoteleira do entorno, trazendo profissionalismo e padrões internacionais, o que soa bem, obrigado. 
 
 
Há um simulacro de que região metropolitana de Belo Horizonte teria meios para abraçar a natureza desta oferta que se desenrola. Indústrias de variados ramos estão no entorno, a citar pelo siderúrgico, automobilístico, mineração, construção civil, elétrico, entre outros. Pela lista, pode-se assegurar que o município tem seu dinheiro, quanto ao turismo, ligado essencialmente aos negócios e eventos, divisões que representam, segundo a HotelInvest, 90% da demanda de hospedagem. Contudo, tal natureza é transgênica e pode não absorver números tão altos quanto ao setor de hospitalidade.
 
Corroboram ainda esta leitura de que as flores desabrocham a tons de primavera índices mensurados em 2011: 9,53 milhões de passageiros no Aeroporto Internacional de Confins, o principal do Estado de Minas Gerais, dividendo 24% maior do que o medido em 2010.
 
É de todo verossímil o argumento de que a indústria do turismo deve alavancar novas linhas e angariar o título de desenvolvida na capital mineira. O intento de levar isso a cabo e, espera-se, desenhar um novo polo econômico com pujança para o mercado hoteleiro do País é decerto nobre. Contudo, esbarra em obstáculos substanciais.
 
Um deles é de natureza simples, leia-se a superoferta. De acordo com a PSH 2011 (Pesquisa de Serviços de Hospedagem) 2011, conduzida pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o município e sua região metropolitana congregam cerca de 390 meios de hospedagem – desconsiderando motéis e a categoria “outros”. Se todos os projetos em desenvolvimento forem inaugurados, a cidade terá seu número de leitos alavancado – com um aumento exacerbado da oferta, que pode quase dobrar.
 
Isso obrigaria, especula-se, que a região abaixasse o preço das tarifas para se tornar atrativa, o que traria defasagem para o mercado e reduziria ainda mais os lucros dos empreendimentos – tornando Belo Horizonte numa região inviável.
 
A HotelInvest, em seu Panorama da Hotelaria 2011 – 2012, vê com cautela o cenário e aconselha a injeção de recursos públicos para que centros de convenções sejam construídos – atraindo dinheiro novo com uma demanda de eventos. É um meio possível, mas que depende do paquidérmico esforço do Estado.
 
Aquém das especulações, a contingência de Belo Horizonte pode gerar uma incongruência para o mercado. Não precisa de muito para se deduzir o desdobramento disso, se o freio de mão não for utilizado a tempo.