(imagem: xignite.com)

Três projetos criados há menos de seis meses fazem coro à reflexão de que a tecnologia pôs fim ao ostracismo no mercado hoteleiro, fazendo-se necessário, finalmente, que os empresários deste setor se rearticulem com a mesma rapidez que jogadores de tênis profissionais para rebater bolas adversárias.

O primeiro foi o espanhol ByHours, projeto desenvolvido para vender não apenas as tradicionais diárias de 24 horas, mas também estadias de 3, 6 e 12 horas – atendendo principalmente a hóspedes em regiões de aeroportos, hospitais, casas de shows e estágios.

Ou seja, a ideia do site é tirar do hoteleiro a possibilidade de cobrar uma tarifa cheia se esta não for utilizada na íntegra. A justificativa está no fato de, em muitos casos, ser comum que um executivo faça o check-in tarde da noite, tome um banho, durma coisa de seis horas e passe todo o dia seguinte em reuniões de negócio ou afins. O consumidor agradece, obrigado, é inegável.

Outro portal é o brasileiro Hotelli, voltado à comercialização on-line de diárias last minute, com intuito de atender pessoas que precisam de um quarto de última hora, disponibilizando notadamente unidades habitacionais que também estão ociosas. Novamente, o hóspede sai ganhando e deixa de arcar com custos muitas vezes excessivos, comumente cobrados com a justificativa de atender à “lei da oferta e da procura”. O revenue management, neste caso, pode vir a funcionar sob outra dinâmica – favorecendo não só o cliente, mas também o meio de hospedagem que não terá seu produto, perecível, perdido.

Um terceiro endereço na web, com o título de HotelMe, também nasceu sob a insígnia de publicar comentários feitos por usuários de empreendimentos hoteleiros – algo semelhante ao TripAdvisor. A questão nova, exaspera-se, é que no HotelMe é necessário que o consumidor tenha de fato se hospedado para poder tecer opiniões, uma lacuna que até então o TripAdvisor não havia suprido.

Os exemplos trazem às claras outros meios de comercialização e de avaliação da indústria da hospitalidade. São mudanças que inegavelmente estavam anunciadas. Em particular o caso da Hotelli, empresa criada por um dos idealizadores do Hotel Urbano, tende a reestruturar algumas práticas decrépitas presentes no mercado nacional.

À medida que a tecnologia vem contribuindo copiosamente para o aprimoramento do setor – divulgando com menores custos muitos empreendimentos por meio da internet e, assim, ampliando a demanda que consome este tipo de serviço -, nasce também uma ambivalência assustadora.

Ferramentas que seguem alterando os paradigmas deste setor com velocidade e constância assombrosas são por agora via de regra. Neste cenário, viabilizar o acesso do consumidor a empreendimentos até então condenados ao ostracismo – fruto da ausência de departamentos de marketing ou até mesmo da falta de maturidade de alguns proprietários – aparece como lado positivo.

Contudo, com a mesma veemência e um tom paradoxal, são canais que obrigam estes meios de hospedagem a se adequarem cada vez mais com um mercado pouco estável, vivendo uma guerra de tarifas e um sem-número de ações para tentar manter-se presente no ciberespaço.

O espelho começa a refletir a fraqueza que muitos empresários retrógrados têm diante de um novo momento, no qual amplitude e visão macro serão necessárias e imprescindíveis.

Impulsionar as formas com que o cliente tem acesso às diárias hoteleiras – inclusive a preços mais justos – é missão já cumprida pela internet. Cedo ou tarde, era algo há tempos anunciado. Cabe agora deixar de negligenciar tal momento e confirmar, com certeza, que o profissionalismo é o único meio possível. A discussão não pode mais ser protelada.