Miriam Torres 

Recentemente o Instagram anunciou a ocultação do número de curtidas, medida esta implantada em maio no Canadá e a partir do dia 17 de julho, se iniciou no Brasil. Agora somente o autor do post tem acesso a esta informação.

Esta decisão foi tomada baseada em um estudo feito em 2017, pela Agência de Saúde Pública do Reino Unido, onde foi constatado que o Instagram era a pior rede social para a saúde mental e o bem-estar dos indivíduos estudados, pois gerava uma competição grande entre as pessoas na saga por mais “likes” que o “amiguinho”. 

Além disso, receber likes incentiva a produção de dopamina, mesmo neurotransmissor produzido quando comemos chocolate, fazemos sexo ou ganhamos dinheiro. Ou seja, Na prática, Facebook e Instagram nos dão prazer. Mais ainda, segundo estudo feito pela  Universidade da Califórnia, em Los Angeles, e publicado em maio na revista Psychological Science, likes viciam! O tema tem sido objeto de diversos estudos por médicos, psiquiatras, psicólogos mundialmente. 

O que muda isso para os indivíduos?

Segundo o Instagram, a nova regra objetiva estimular que os usuários a se concentrarem nos conteúdos, deixando os números de lado: "Não queremos que as pessoas sintam que estão em uma competição dentro do Instagram e nossa expectativa é entender se uma mudança desse tipo poderia ajudar as pessoas a focar menos nas curtidas e mais em contar suas histórias".
Não é raro perceber que as pessoas se deprimem quando não é validada pelo outro e a proporção enorme do impacto social que as Redes possuem só piorou a situação. A falta de likes, bem como os comentários negativos, podem afetar a saúde dos criadores de conteúdo.

Percebemos que a iniciativa do Instagram parece mostrar que a vida não deve ser medida em números e é desnecessário competir com o outro.

E para o seu Hotel, o que isso significa?

Sob o ponto de vista do Marketing Hoteleiro, a influência dos likes se converteram em uma das métricas para balizar investimentos em redes sociais, como uma forma das marcas medirem seu  fortalecimento e presença junto aos seus públicos, se aproximarem deles ou mesmo expandir para outros tipos de públicos segmentados hoje somente possíveis de alcançar por Redes Sociais.  

Ela é uma grande ferramenta de publicidade, engajamento, segmentação, relacionamento e comunicação das marcas. O gerenciamento profissionalizado das redes sociais requer consistência com os valores da marca, acompanhamento de postagens, avaliações e comentários feitas pelos próprios hóspedes, tudo alinhado com os interesses de comunicação e divulgação do hotel. E o mais importante: tudo pode ser medido em números. É sabido quantas pessoas foram impactadas pelo investimento feito em uma rede.

Como o proprietário do perfil conseguirá saber o número de curtidas que seu post possui, esta nova medida não muda em nada a relação das marcas com seus seguidores e o Instagram. Além disso, quem possui um trabalho profissionalizado de marketing nas redes sociais, sabe que existem outras métricas possíveis de acompanhar em relatórios específicos, entregues pelos sistemas de monitoramento de redes presentes no mercado. 

A pessoa como mídia:

Em nosso trabalho, nos últimos 5 anos principalmente, presenciamos um aumento incrível da procura de parcerias com hotéis feitas através de blogueiros inicialmente, depois de perfis de Facebook e “Youtubers” e nos últimos 2 anos dos chamados “influenciadores digitais” do Instagram. 

Houve a conversão de indivíduos em influenciadores, que hoje concorrem como “mídia” com qualquer outro meio como revistas segmentadas, rádio, TV ou até mesmo sites e blogs.  Outro fator a ser analisado é um fenômeno comportamental presente na eficácia do “influenciador digital” pois o humano tende a copiar outro humano desde sempre, acreditando muito mais na opinião de uma pessoa do que de um veículo de comunicação e quando esta influência é feita por vídeo ela se torna mais real ainda. Muitas pessoas, neste momento, desconhecem que determinado influenciador digital pode estar ganhando para falar de um hotel fazenda ou por testar um produto e por não terem esse conhecimento, acreditam piamente na opinião do influenciador.

Destacamos, todavia, que os influenciadores digitais são extremamente segmentados e identificados por um público específico, tornaram-se verdadeiros embaixadores das marcas e representante de seus compradores.

E como escolher um influenciador digital?

Em nosso dia a dia aprendemos na prática, eu e a Priscila Petrasso, que coordena a área de Mídias Sociais (e que me inspirou a escrever este artigo), como lidar com a novidade de ter em “pessoas” um meio de comunicação para alcançar nosso público alvo. Desenvolvemos uma metodologia de seleção para parcerias hoteleiras que leva em consideração não somente o número de seguidores, o perfil do público alvo em termos de gênero, como também o tipo de conteúdo que o influenciador publica, a fim de estar o mais alinhado possível com o perfil do público do hotel.

Segundo nossa percepção, o retorno obtido através dos influenciadores são variados: podemos aumentar o número de seguidores dos perfis das redes sociais dos hotéis, obter cotações de preços, ganhar visibilidade de nossos serviços e instalações. Entendemos, após nossa experiência, que mais do que tudo, o influenciador digital ou influencer, é mais um meio de divulgação da marca.

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Miriam Torres, consultora há 9 anos, é profissional de Marketing  há + de 20 anos. MBA em MKT pela ESPM, Pós Graduada em Adm. Hoteleira no SENAC  e graduada em Artes pela S. Judas. Atuou 10 anos nos hotéis Caesar Park adquiridos pela Accor em 2013. Lecionou, entre 2005 e 2006, Marketing na Pós Grad. de Adm. Hoteleira do Senac. Em 2018 foi professora de Inovação no MBA de Hotelaria de Luxo da Universidade Roberto Miranda de Hotelaria. É autora de + de 150 artigos de marketing em seu blog e protagonizou o canal do Youtube Marketing Hoteleiro na Prática com 35 episódios onde compartilha sua experiência. 
Site: https://marketinghoteleiro.com

(*) Crédito da foto: divulgação/Miriam Torres/Arquivo Pessoal