club med brasil marco oliva thiago varalliOliva e Varalli durante o Club Med Expert 2018

O Club Med hospedou 1,4 milhão de pessoas em 2018. Desse montante, os brasileiros ficaram em quarto lugar no número de turistas presentes nos villages da rede francesa pelo mundo. Parte desse sucesso comercial pode ser atribuído à equipe de vendas da empresa no Brasil. A avaliação é da dupla de executivos Marco Oliva, diretor Comercial de Individual, e Thiago Varalli, diretor Comercial de Grupos e Eventos da companhia. 

Um número positivo ajuda a embasar ainda mais a opinião dos dois profissionais. No primeiro trimestre, por exemplo, a receita gerada no país subiu 27% frente igual período do ano passado. Não é só isso! No feirão da neve, quando os agentes vendem os villages nos destinos de inverno, realizado em março, as vendas cresceram 50% em relação à ação do ano anterior.

Thiago Varalli e Marco Oliva: caminhos futuros

Os bons resultados, contudo, não parecem acomodar a equipe comercial da rede francesa, que enxerga oportunidades nos próximos anos. Para esclarecer para onde o Club Med Brasil se dirige em 2019, a reportagem do Hotelier News foi ouvir direto da fonte. Investimentos e os desafios do cenário econômico do país foram pauta da conversa com Oliva e Varalli, assim como a estratégia comercial a ser adotada e a aposta no segmento Mice. 

Hotelier News: Por que terminar a operação no village de Itaparica (BA)?

Thiago Varalli: O fechamento de Itaparica é uma decisão estratégica da companhia. Nos últimos anos, estamos reformando, remodelando e fazendo novos investimentos em produtos de categorias superiores quatro e cinco Tridentes e entendemos que, nesse momento e da maneira que estamos trabalhando nossos produtos, o Club Med Itaparica não se encaixa mais no portfólio. Temos muito carinho pelo empreendimento, que completou 40 anos de operação esse ano. Mais ainda, a unidade tem um resultado excelente em termos de serviço e a equipe que está lá faz um grande trabalho e vai continuar fazendo até 4 de agosto, quando terminarmos as operações. 

Marco Oliva: Isso não é uma novidade. No Club Med existe sempre essa preocupação e não só no Brasil. A questão não é efetivamente Itaparica, outros villages já abriram, assim como já foram fechados. Tudo depende do momento e como a estratégia está sendo posicionada. 

HN: A abertura do Lake Paradise, no interior de São Paulo, canabalizou de alguma forma as vendas para Itaparica, principalmente por estar muito perto do mercado paulista?

Varalli: Não, os dois estão em mercados completamente diferentes. O Lake Paradise foi uma grande oportunidade que aconteceu no final de 2016. Primeiro, porque nos coloca mais presente no mercado de São Paulo, o principal da América Latina. Segundo, porque poderíamos trazer uma experiência mais lazer para o paulistano, que é um público que demanda bastantes opções de lazer nos fins de semana. Além disso, poderíamos explorar uma experiência nova e, ao mesmo tempo, interessante que era a abertura do mercado de grupos e eventos para o Club Med. Esse segmento não é nosso carro chefe, representa 30% do nosso faturamento na América do Sul, mas é um mix bastante interessante. 

HN: Então, como fazer para que os paulistas continuem a frequentar outros villages da rede no Brasil tendo uma opção tão próxima?

Varalli: O Lake Paradise tem o paulista como 85% do público total, principalmente do interior de São Paulo e de regiões como Campinas, São José dos Campos e Ribeirão Preto. Independentemente disso, nossos clientes têm muito carinho pelo Club Med e a sensação de pertencer a esse grupo. Então, o Lake Paradise funciona também como um grande recrutador de clientes. A experiência do Paradise é a primeira para outros destinos e, quando eles gostam do Club Med, passam a “colecionar” experiências nas demais unidades. 

HN: Quais os próximos passos dentro da estratégia comercial do Club Med Brasil?

Oliva: Pelo lado do individual, teremos o portal Club Med Partner. A ferramenta estará disponível a partir de novembro para os parceiros Expert e possibilitará reservas, comparações e vendas diretas por meio de apenas uma plataforma. Esse processo vai demorar um tempinho para estar completamente disponível, tem todo um cronograma a ser seguido. Para nós, isso já é um processo de evolução do negócio. Para agosto, teremos a campanha Fly Ski, que repete o feirão da neve, mas também inclui o aéreo, oferecendo descontos nos hotéis para quem comprar as passagens conosco. Por fim, podem contar com nossa presença na Abav e na feira de Gramado. Isso são ações nas quais tentamos manter sempre em nossa estratégia de divulgação, porque temos que estar muito próximo dao mercado.

Varalli: Na parte de grupos estamos lançando um site específico para o segmento Mice. A plataforma, que se encontra dentro do site do Club Med, tem informações completas das possibilidades e destinos. Além disso, estamos implementando oportunidades para grupos internacionais. O que notamos hoje nesse segmento é que o brasileiro ainda tem algum receio ou falta-lhe experiência de sair do país para eventos corporativos. É bem diferente da parte de viagens, que já está muito mais acostumada. Então, estamos trazendo, em conjunto com nossos parceiros, possibilidades, promoções e comunicações específicas dentro disso. 

HN: Quais serão os desafios para o anos de 2019 e 2020, considerando o cenário econômico do país?

Varalli: Temos vários desafios e uma grande ambição. O Club Med entende que o cenário econômico não vem de hoje e, independentemente disso, nós nunca deixou de fazer nenhum investimento, seja ele em hotéis, em resorts, ou experiências dos nossos clientes. Como encaramos  isso no Brasil? Seguindo investindo no mercado brasileiro, acreditando e sabendo que vamos recuperar ou crescer ano após ano. Exemplos disso é a consolidação do Lake Paradise, que recebeu muitos investimentos nos últimos dois anos. A ampliação do restaurante Jangada, no Club Med Rio das Pedras, além da atual reforma do restaurante principal, também mostra isso. E, principalmente, o projeto de renovação e expansão do Club Med Trancoso, que começa agora em agosto e acaba em maio de 2020. 

Oliva: Outro grande desafio é abrir novos mercados para os brasileiros, como os destinos do Caribe, e também os de neve durante o verão no país. Os produtos de neve apresentaram o maior crescimento de vendas em 2018, mas queremos que também sejam populares sem a neve, porque ainda têm muitos atrativos como destinos de montanha. Além disso, também buscamos aproveitar que o brasileiro está saindo cada vez mais do Brasil para divulgar mais os villages na Ásia e África, que têm bastante coisa para esse público descobrir. 

(*) Crédito das fotos: Juliana Stern/ Hotelier News