Júlio Gavinho apresenta as marcas da rede
(foto: divulgação/doispontozero Hotéis)

Menino no Rio, executivo em São Paulo, "romântico" em relação à hotelaria e assertivo sobre suas conquistas dentro dela. Júlio Gavinho acumula mais de 30 anos de experiência em hotéis de grandes grupos brasileiros e renomadas redes internacionais. Nos recebe no escritório da doispontozero Hotéis em São Paulo: salas com portas e móveis coloridos, adesivos decorando as paredes e quadros com frases igualmente coloridas. A simbiose do sério com o descontraído, presente no executivo e no ambiente em que circula, também é característica marcante de seu negócio.

Constituída em 2011 por meio de uma sociedade do próprio Gavinho com a WTorre, que posteriormente deixou o projeto, a doispontozero Hotéis é atualmente controlada pelo fundo de investimento HSI (Hemisfério Sul Investimentos), e segue tendo o executivo como sócio. Em seu cerne de criação está a proposta de oferecer "uma nova geração de hotéis para uma nova geração de brasileiros" – um produto que alia sustentabilidade, praticidade e tecnologia.

Para tanto, a rede tem uma operação e um planejamento estratégico extremamente alinhados, mas repassa em seu visual e em seu serviço algo menos sisudo, mais casual, fácil e prático. A tradição da hospitalidade como cuidado com o hóspede encontra com a conectividade e velocidade do executivo atual. 

Por Juliana Bellegard

"A gente vive um momento em que as pessoas querem produtos de melhor qualidade, e querem ser ouvidas. Todo nosso projeto na doispontezero é baseado na nossa orelha, em tudo que ouvimos nos últimos 25 anos estando dentro da administração e operação hoteleira", relata o executivo, que teve no conhecimento do inglês seu primeiro motivador para entrar nesta indústria. À época, anos 1980, ele foi trabalhar no Hotel Atlântico, em Copacabana. 


Projeção artística do Zii Hotel de Pouso Alegre
(imagem: divulgação/doispontozero Hotéis)

De lá para cá, Gavinho passou pela rede Eldorado de Hotéis, trabalhou com agências de viagem e gerenciou o departamento de relação com agências e com o mercado internacional do Rio Convention & Visitors Bureau. Dali, foi para o Rio Quente Resorts – então Pousada do Rio Quente -, exatamente com a missão de fazer o turnaround do complexo. "Esta época foi uma virada fundamental da minha vida. O Rio Quente foi uma empresa extremamente generosa comigo, investiu em mim como profissional. A minha vida não estaria onde está hoje se eu não tivesse passado por lá", define. 

O resultado foi uma resposta à altura: Gavinho participou do desenvolvimento que levou o complexo ao que ele é hoje. Conquistar a confiança da empresa e, com isso, gerar resultados e desenvolver projetos foi uma constante em sua carreira. Foi o primeiro diretor da Bourbon fora da família Vezzozo e, com o respaldo da companhia, estruturou-a para o crescimento e administração hoteleira, além da operação. Na Hyatt, liderou o processo de negociação e fechamento do contrato do Grand Hyatt Rio de Janeiro.

Zii Hotel
A ideia foi lançar um produto único no mercado e, para isso, a criação do projeto foi feita do zero: suas características de design, qualidade, estrutura, conectividade, serviços, acessibilidade e responsabilidade social. Estas diretrizes foram trabalhadas à luz de uma pesquisa feita pela consultoria Mapie especialmente para a nova rede – e que posteriormente foi tornada pública – sobre os hábitos desta nova geração de viajantes que Gavinho buscava alcançar. O resultado – a marca Zii Hotel – reflete decisões práticas e objetivas com metas "românticas", conforme ele mesmo descreve.

A sustentabilidade foi um pilar fundamental. "Começamos a desenvolver um projeto que teria como característica da marca consumir 50% da energia de um hotel similar. O produto tem captação de energia solar, captação de água, iluminação de LED, gerador que atende a operação mesmo em horários de pico, estação de reuso de água, reaproveitando 35% dela", diz o executivo. "Queremos desonerar a sociedade de todo este consumo que um edifício hoteleiro traz, e que é muito maior do que um prédio residencial", completa.


Acomodação do Zii Hotel de Parauapebas
(imagem: divulgação/doispontozero Hotéis)

Trazer o conceito metropolitano ao qual o executivo está acostumado para os "rincões onde o Brasil está crescendo" é o que o produto busca. "O Brasil não está crescendo no eixo Rio – São Paulo. É em Pouso Alegre, em Rondonópolis, em Parauapebas, em Maracanaú, em Alagoinhas – onde estamos levando nosso produto. Eu preciso levar a vida cotidiana do hóspede para essas cidades", explica.

Café da manhã com pão na chapa e salada de frutas feitos na hora – este é o "grito" que Gavinho explica ter adicionado aos seus hotéis: saber que aquilo foi feito para o hóspede. "Sai um pão na chapa" é a descrição que o executivo faz deste grito, deste serviço que ele oferece. Televisões no lounge, para que o cliente possa seguir sua rotina de assistir o jornal enquanto toma café, completam a experiência. O mesmo espaço pode ser usado para trabalho, pois conta com tomadas e mesas estruturadas para isso, e para lazer – mais especificamente para jogar uma partida de videogame no aparelho disponível ali. "O que é isso? Isso é o que você faz na sua casa", diz Gavinho.

Por fim, a ideia de praticidade: nas unidades Zii, não é preciso preencher o formulário de check-in no balcão. "Trouxemos a resposta para o que há de mais odioso numa experiência com hotel", diverte-se o executivo. O check-in pode ser feito online, no trajeto do aeroporto para o hotel por exemplo, e passa-se na recepção somente para assinar a ficha. Como os empreendimentos não fazem lançamento em conta, permitindo a compra de itens como sanduíches e bebidas diretamente no lounge, não há check-out, somente uma dropbox para que o cliente deixe sua chave ao sair.

Cortesias de garrafas de água e um café da manhã para viagem refletem a ideia de hospitalidade não somente como uma forma de receber, mas um cuidado com o hóspede. "A preocupação que eu tenho é que você não saia com fome do hotel a caminho do aeroporto. Cuide de você, deixa eu te ajudar, não custa nada, é de graça. Cortesia", diz.

Expansão da rede


Acomodação do Arco Hotel Premium Bauru
(foto: divulgação / Vervi Assessoria de Imprensa)

Em meio a este desenvolvimento, surge outra proposta de negócios: a compra do portfólio da bandeira Arco. Apoiado por seus sócios, Gavinho apostou na oportunidade e, atualmente, as unidades com a marca passam por um reposicionamento. Um primeiro investimento, que somou cerca de R$ 1 milhão, englobou troca de televisões e colchões, além de serviços de pintura e marcenaria. "As primeiras coisas que me incomodavam profundamente como cliente foram as coisas que eu ataquei", justifica o executivo.

Apostando em fornecedores brasileiros, buscou o que havia de melhor no mercado. Investiu nas academias das unidades, dando um novo fôlego para um espaço que, por vezes, nem era percebido pelos hóspedes. Montou uma estrutura de cafeteria para seus colaboradores, como área de convivência e refeições, além de criar um programa de capacitação, incentivo e premiação. 

Com estas mudanças, a proposta da Arco é ser uma marca voltada para o custo-benefício. "O que estamos tentando fazer é posicionar o produto como o melhor que você encontra no mercado por uma média de preço de R$ 149. Oferecemos 10MB de internet, TV bacana com canais a cabo, a melhor cama, o melhor café da manhã, restaurante, academia, estacionamento", pontua.

Os dois produtos são o foco do investimento da rede, que por ora não deve ter nenhuma outra bandeira e seu portfólio. Para este ano, Gavinho prevê a abertura de quatro hotéis Zii: Pouso Alegre (MG), Rondonópolis (MT), Maracanaú (CE) e Boa Vista (RR). Em 2016, a doispontozero inaugura outros dez empreendimentos, incluindo uma unidade em Palmas (TO). "Ao final de 2016, a companhia terá 32 hotéis próprios, sendo 22 unidades Zii e dez Arco", finaliza o executivo.

Serviço
www.arcohotel.com.br
www.ziihotel.com