indústria julhoNível de estoques continua elevado no setor, dificultando a retomada

O resultado do PIB (Produto Interno Bruto) surpreendeu, mas a economia brasileira continua suas dificuldades para iniciar a retomada. Hoje (3), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou os indicadores de performance do setor industrial em julho. Contrariando as expectativas, a produção do setor encolheu 2,5% frente a igual período de 2018, indicando um começo de trimestre ruim.

Na comparação frente ao mês anterior, o recuo observado foi de 0,3%. Trata-se do terceiro mês seguido de queda no indicador, além do pior desempenho para o mês em quatro anos. O resultado ficou ainda abaixo do projetado por economistas ouvidos pela Reuters, tanto na comparação mensal quanto na anual. Já no acumulado do ano, o decréscimo é de 1,7%.

“Do jeito que anda a indústria, provavelmente vai fechar o ano em queda, dado o cenário doméstico acrescido da crise da Argentina e do cenário global”, disse André Macedo, economista do IBGE, durante a coletiva de divulgação dos dados. Para reforçar sua análise, em 12 meses, a indústria recua 1,3%, indicando perda de ritmo, já que no período até junho a contração havia sido de 0,8%.

Indústria: queda consistente

Na avaliação do IBGE, a trajetória do setor pela métrica de 12 meses tem sido “predominantemente descendente” desde julho de 2018. Até essa data, a produção acumulava alta de 3,2%. “A indústria hoje produz o equivalente a janeiro de 2009. São 10 anos de distância. É um sinal importante”, afirmou Macedo.

Divulgada ontem (2), a pesquisa Focus, do BC (Banco Central), mostrou que analistas preveem uma atividade praticamente estagnada em 2019. Segundo os economistas ouvidos, a projeção de crescimento é de apenas 0,08%.

De volta a Macedo, o economista disse na coletiva que os níveis gerais de estoque da indústria ainda estão acima do habitual. Para ele, tal cenário atrapalha m pouco a recuperação do setor. “Além disso, nossa demanda doméstica não está forte para absorver uma produção mais forte”, comentou.

Ele destacou ainda os efeitos do mercado de trabalho sobre o estado geral da indústria. “E ainda tem um cenário externo desfavorável, com a crise na Argentina e menor crescimento global”, finalizou.

(*) Crédito da capa: Pashminu Mansukhani/Pixabay 

(**) Crédito da foto: jotoler/Pixabay