fórum panrotas desafio hotelariaMoreno,Teixeira e Tricia falaram sobre investimentos e distribuição

Logo após a participação do ministro Marcelo Álvaro Antônio, o Fórum Panrotas abordou os desafios do mercado hoteleiro no Brasil. Matt Teixeira, diretor de Vendas Globais para América Latina da Best Western, e Alejandro Moreno, presidente da Wyndham para América Latina e Caribe, conduziram o bate-papo, mediado por Tricia Neves, sócia da Mapie. Burocracia para empresas estrangeiras, divulgação e distribuição foram os temas discutidos.

Na avaliação dos dois executivos, o excesso de burocracia para empresas é um entrave para operar no Brasil. Para Moreno, o mercado brasileiro ainda não proporciona a segurança de retorno de investimentos necessária aos investidores. Vale lembrar que a Wyndham abriu, no fim do ano passado, um empreendimento em Gramado (RS) (veja InLoco especial).

"Para possibilitar a hotelaria no Brasil foi preciso recorrer aos condo-hotéis e empreendedores individuais. Ainda falta certa segurança, por parte do investidor, que o retorno de investimento virá", afirmou Moreno. 

Outro ponto abordado pelo presidente da Wyndham foi a promoção turística do país. Moreno avalia que o Brasil não investe suficiente, o que poderia impulsionar a hotelaria. "O Brasil é o 12º em exportação de turismo, mas está abaixo do 30º lugar em captação. Isso é resultado de falta de divulgação", comentou Moreno, que apresentou um exemplo de divulgação. 

"A Turquia ocupava posição semelhante. A instabilidade política local e na região afetava o turismo, deixando o país na 36º posição de captação de turistas. O governo local fez um trabalho gigantesco de divulgação do destino. Hoje, estão em 6º lugar e a hotelaria cresceu muito no país", comparou. 

Para Teixeira, além dos problemas levantados por Moreno, o mercado brasileiro ainda é muito rígido com empresas estrangeiras. "No ponto de vista jurídico, as empresas estrangeiras já entram em desvantagem. É uma política de 'se você vem de fora tem que pagar mais'. Muitas organizações internacionais já vêm para o Brasil prestando atenção no quanto vai pagar", ressaltou. 

Fórum Panrotas: distribuição e fidelização

Em relação à captação de clientes, os executivos concordaram que as OTAs são meios estabelecidos e só têm a crescer nos próximos anos. Para eles, há necessidade das redes trabalharem em conjunto com as OTAs para, depois, focar na fidelização do hóspede.  

"São nossas amigas e inimigas ao mesmo tempo", brincou Teixeira. "Temos que aprender como utilizá-las da melhor maneira como ferramenta de marketing para fazer com que os clientes comprem nos canais diretos das próximas vezes”, destacou. 

Para o presidente da Wyndham, o desafio maior com as OTAs é encontrar uma margem satisfatória para os clientes e, claro, para as redes. "Algumas agências online cobram 25% ou até mais, com isso temos que aumentar a tarifa para não nivelar por baixo. Em tempos de crise como o que o Brasil passou, não foi possível elevar muito a diária, o que espremeu nossas margens“, disse Moreno. 

Para concluir o debate, Teixeira mencionou a importância de programas de fidelidade e do investimento na experiência de hospedagem. "Na Best Western, 48% da nossa receita vêm do programa de fidelidade, com planos para alcançar 60%. Para chegar lá, dependemos muito da experiência do hóspede no hotel. Em tempos de Airbnb, as redes precisam olhar para a isso com bastante atenção”, finalizou.

(*) Crédito das fotos Juliana Stern/Hotelier News