Desemprego - resultado 1º tri_internaFila do desemprego no Vale do Anhangabaú (SP): retrato do momento

O desemprego no Brasil voltou a aumentar no primeiro trimestre, atingindo a maior taxa desde maio do ano passado. Segundo dados divulgados hoje (29) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) há 13,4 milhões de pessoas desempregados no país. A taxa de desocupação no mercado de trabalho chegou a 12,7% e continua a barrar a retomada da economia.

Foi a terceira alta consecutiva no indicador. A taxa chegou ao seu auge em 2019, ante 12,4% nos três meses até fevereiro e 11,6% no quarto trimestre. Como ponto positivo, o desemprego caiu frente aos 13,1% no mesmo período de 2018, estando ainda abaixo dos 12,8% previstos pelos economistas ouvidos pela Reuters. Ainda assim, é o patamar mais alto desde os três meses encerrados em maio de 2018, quando ficou no mesmo patamar.

“Nenhum setor teve contratação significativa no primeiro trimestre deste ano. Esse é o retrato do mercado de trabalho em 2019”, afirma Cimar Azeredo, coordenador da pesquisa do IBGE. “A expectativa de uma melhora no mercado de trabalho que havia para 2019 não se confirma diante do cenário econômico”, completa.

Em meio a dispensas ainda sazonais e aumento da procura por emprego, o país tinha no trimestre até março 13,387 milhões de desempregados. Nos três meses até fevereiro, o total de desocupados era de 13,098 milhões e, no quarto trimestre de 2018, o número chegava a 12,152 milhões. Nos três meses até março de 2018 eram 13,634 milhões de desempregados.

Desemprego e desalento

Por outro lado, o total de pessoas ocupadas caiu a 91,863 milhões, ante 92,127 milhões de dezembro a fevereiro e 92,736 milhões no quarto trimestre. Nesse cenário, o número de desalentados, ou a quantidade de trabalhadores que desistiram de procurar uma vaga, foi ao recorde de 4,843 milhões no primeiro trimestre, ante 4,663 milhões no trimestre anterior.

“O número de desalentados é o maior da série. Esse é um retrato de um mercado de trabalho brasileiro frágil. Significa dizer que os desempregados poderiam ser de quase 18 milhões se essas pessoas estivessem pressionando o mercado à procura de vaga”, destaca Azeredo.

O emprego com carteira assinada continua fraco, com 32,918 milhões de pessoas no primeiro trimestre deste ano. O montante representa queda de 0,1% sobre o período anterior, além de alta de apenas 0,2% sobre o primeiro trimestre do ano passado.

Ao mesmo tempo, o número de pessoas sem carteira assinada no setor privado entre janeiro e março caiu 3,2% ante ao quarto trimestre. Em paralelo, o indicador subiu 4,4% sobre igual período do ano passado, a 11,124 milhões. Em relação ao rendimento médio do trabalhador, este chegou a R$ 2.291 no primeiro trimestre, contra R$ 2.276 no quarto trimestre e R$ 2.259 no mesmo período de 2018.

O mercado de trabalho brasileiro vem refletindo diretamente a dificuldade que a economia vem apresentando de avançar, destacadamente o setor industrial. Em março, por exemplo, o Brasil registrou fechamento líquido de 43.196 vagas formais de emprego. Já recente pesquisa Focus, realizada pelo BC (Banco Central) com economistas, mostra que a expectativa de crescimento econômico é de 1,71% em 2019.

(*) Crédito da capa: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

(**) Crédito da foto: Amanda Perobelli/Reuters