Nicolas Aznar é presidente da ASSA ABLOY HOSPITALITY para a América Latina e Caribe
(fotos: Hugo Massahiro Okada)

A história da companhia sueca que hoje é a maior provedora de soluções em fechaduras eletrônicas, cofres de segurança e tecnologia de acesso para empresas de diferentes portes e segmentos, começou em 1974, quando o fabricante de fechaduras sueco Tor Sornes soube que uma cantora famosa teve seu quarto de hotel invadido, colocando em risco a sua integridade física e, no pior dos cenários, a sua própria vida. Sornes passou então a trabalhar no desenvolvimento de uma fechadura que concedesse uma chave diferente a cada hóspede. A inovação de Sornes, denominada VingCard, foi a primeira chave 'recodificável' em todo o mundo, posicionando rapidamente a sua empresa como líder do segmento de segurança para a indústria da hospitalidade.

Quase que simultaneamente, em 1978, Bjorn Lyng, também sueco, trabalhava no desenvolvimento do primeiro cofre de segurança eletrônico, o Elsafe, que viria a juntar forças com a VingCard em 1994, a fim de atender melhor a crescente demanda e promover o crescimento das duas marcas. Ambas acabariam adquiridas pela ASSA ABLOY como parte do plano estratégico de crescimento da companhia, como veremos adiante.

Nas quatro décadas que se seguiram, a VingCard Elsafe, ou TrioVing, como ficou conhecida, proveu parceiros da indústria de hospitalidade em 166 países com tecnologia e soluções de segurança, garantindo no processo, não apenas o sono tranquilo dos seus hóspedes, como também a consolidação da hospitalidade como modelo de negócio até os dias de hoje.

Por Hugo Massahiro Okada 

"A ASSA ABLOY é resultado da fusão entre duas empresas: a sueca Assa e a finlandesa Abloy. As duas especializadas em fechaduras mecânicas e hardwares de portas, como dobradiças, olhos mágicos, enfim, tudo o que compõe uma porta e seu mecanismo de fechamento. Isso aconteceu em 1995. A partir dali, a Assa Abloy começou uma série de aquisições. A média é de oito aquisições por trimestre", explica Nicolas Aznar, presidente da ASSA ABLOY Hospitality para América Latina e Caribe em entrevista ao Hôtelier News. "No Brasil por exemplo a adquirimos a La Fonte; seguida pela Papaiz;  Silvana;  Metalika, especializada em portas corta-fogo; a Udinese, especializada em hardware de janelas; e a Vault, empresa de alto padrão em tecnologia, especialista em blindagens de embaixadas, consulados, edifícios em geral, guaritas, garras de tigre e cancelas", complementa.

Há pouco mais de um ano, a companhia promoveu a mudança da marca VingCard Elsafe em ASSA ABLOY Hospitality com o objetivo de, segundo comunicado, "ampliar a capacidade global de inovação, diferenciar-se e transcender a concorrência, ficando conhecida como a marca líder no mundo em soluções de segurança para hospitalidade". Assim, todo o portfólio da VingCard Elsafe agora é comercializado sob a marca ASSA ABLOY Hospitality. 

"A ASSA ABLOY Hospitality é a nova marca dos produtos VingCard Elsafe, com a mesma qualidade e eficiência", diz Aznar

Segundo Aznar, "desde o começo do ano passado, tomamos a iniciativa de mudar o nome de VingCard para ASSA ABLOY Hospitality diante de nossos clientes, para o mercado no geral. Mudamos para ASSA ABLOY Hospitality com logomarca, campanhas, entre outras ações. Mas não mudou nada, ainda é a mesma VingCard que todos conhecem, com a mesma qualidade, só que agora com o nome ASSA ABLOY Hospitality. Também foi uma estratégia para dar espaço a outros produtos. Era bastante comum, ao ouvirem o nome VingCard, nos associarem apenas às fechaduras e nosso portfólio hoje é bem mais extenso, como os cofres Elsafe, por exemplo, que são os melhores do mundo".

"A vinda da ASSA ABLOY Hospitality ao Brasil foi tumultuada. As marcas Elsafe e VingCard chegaram separadas há uns 24 anos, cada qual com seu escritório, passando por fusão alguns anos depois. Quando a ASSA ABLOY comprou a VingCard Elsafe e a La Fonte, esta ficou responsável pela representação das marcas. Após um tempo, a distribuição foi passada para terceiros, ficando assim durante dois ou três anos até a criação da ASSA ABLOY Hospitality. Quando eu entrei a divisão ASSA ABLOY Hospitality era como uma start-up", relembra. No Brasil, a companhia fez portanto a sua estreia no ano de 2013.

ASSA ABLOY Hospitality
Com um portfólio tão diversificado de produtos, e de posse da VingCard Elsafe, que já possuia o status de líder no segmento de fechaduras e soluções de segurança para a hospitalidade, a ASSA ABLOY Hospitality resolve então criar uma divisão para o segmento, conforme explica Aznar.

"Algumas empresas e fábricas são especialistas no mercado da hospitalidade. E tem outras que possuem produtos para o segmento. A ASSA ABLOY Hospitality concentra tudo o que tem a ver com hospitalidade. E quando falamos de hospitalidade, estamos nos referindo a tudo que possui uma recepção. Todos os lugares em que exista alguém que vai gerar uma chave por um período X para alguém que ali ficará hospedado. O que são esses lugares? Hotéis, obviamente, o nosso forte na América Latina e no Brasil. Mas também campos de trabalho, escolas, hospitais, residências estudantis, entre outros. Uma vertical que temos na ASSA ABLOY Hospitality atualmente são os navios. Temos produtos em 99% de navios". 

"Em muitos países é comum ouvir a expressão, principalmente por parte de hoteleiros e pessoas ligadas ao desenvolvimento de hotéis, ´precisamos pôr uma fechadura ving', e não é porque irão comprar especificamente essa marca. É como quando alguém diz que precisa de uma gilette para fazer a barba ou tirar uma xerox ao invés de cópia. Virou um padrão de mercado por muitos anos. Foi a primeira a introduzir a fechadura por cartão magnético, a primeira a lançar a fechadura por proximidade, a primeira que trouxe a fechadura on-line e, mais recentemente, a primeira a trazer a fechadura com abertura via celular. Todas as inovações que tiveram dentro dessa indústria, são assinadas pela VingCard", conta Nicolas.

O exercício da hospitalidade seria impossível sem a segurança. Senão, vejamos: de que adianta os melhores chuveiros, a melhor e mais macia cama e a piscina mais relaxante sem a garantia de que você e sua família estão seguros e protegidos? Apesar de já existirem hotéis que incentivam a interatividade entre seus hóspedes, inclusive criando até aplicativos para a sua aproximação, este ainda é um conceito novo e sua adesão e propagação ainda é uma incógnita. Assim, ainda não há como saber exatamente quem está hospedado no quarto ao lado e quais as suas intenções. Prevenir é melhor do que remediar.

"Nós queremos ser relevantes por meio da nossa presença, da nossa proximidade com o cliente. Isso quer dizer que atendemos hotéis com hoteleiros, pessoas que têm conhecimento de mercado e que sabem do que o hoteleiro precisa. E nós provemos esses empreendimentos de produtos que são 100% adaptados para a sua realidade. E isso para diferentes segmentos também. Temos verticais para hospitais, verticais para a indústria, verticais para identificação pessoal, e cada uma com uma equipe formada por pessoas que possuem profundo conhecimento de cada mercado. Essa é a nossa relevância", ressalta Aznar.

"A tecnologia de fechamento de portas por meio de cartão magnético está destinada a sumir"

Tendências
"Acredito que, de fato, a tecnologia de fechamento de portas por meio de cartões magnéticos está destinada a sumir. E é uma boa tecnologia. De fato, quando alguém me diz que é ruim, eu costumo responder que as suas partes falhas como a desmagnetização do cartão, por exemplo, pode ser resolvida com o uso de cartões de alta coercitividade por exemplo. Mas a realidade é que a proximidade permite a chegada de outras tecnologias. A fechadura de proximidade permite o seu acompanhamento on-line, que para mim, é fundamental para hotéis com mais de 100 quartos. Nesses, uma fechadura on-line faz toda a diferença. Você consegue controlar tudo o que está acontecendo. Mudanças de quartos, extensão de estada, alerta para portas que ficaram abertas, abertura de salas diretamente por meio do computador, enfim, uma série de benefícios. No Brasil ainda não pegou, mas em Las Vegas, por exemplo, não há um hotel que não seja on-line. E o custo benefício é atraente. Além disso, temos a abertura com celular e a virtualização das credenciais. Quando digo virtualização das credenciais, quero ir além, ou seja, sumirá não só o cartão magnético como também todas as chaves metálicas. Ela é utilizada ainda mas já é totalmente obsoleta perto das inúmeras possibilidades que já temos", revela o executivo.

Consolidação no Brasil
"Todos, sobretudo os estrangeiros costumam falar que o mercado brasileiro é muito difícil. Eu opino o contrário, acho que não é tão difícil assim. É um mercado que gosta muito de tecnologia, que gosta da qualidade e briga muito pelos preços, mas que não conta com uma quantidade grande de players. Mesmo assim é um mercado muito significativo em tamanho. Então, a primeira estratégia foi falar com as grandes redes que conheciam nossos produtos e queriam trabalhar conosco, mas não tinham referência e ainda não confiavam plenamente. Minha visão sempre esteve focada na alta disponibilidade, na ideia de não deixar de forma alguma um quarto fechado. Dessa forma, montamos uma estrutura que atende a necessidade do hoteleiro o tempo todo. Depois disso, ajustamos os preços de forma que fossem competitivos no mercado e contratamos as pessoas certas para tomar conta das áreas de back-office, vendas e área de serviços operacionais. Colocamos uma boa equipe, oferecemos um bom preço, ótimos serviço e tivemos sucesso. Crescemos muito e hoje eu arrisco dizer que somos a empresa número um de fechaduras e cofres em atividade no Brasil", afirma o presidente.

Expansão inclui novos escritórios em Porto Rico e na Argentina

Sobre o executivo
Natural da Argentina, onde atuou na implantação de uma importante rede de restaurantes, Nicolas Aznar chegou ao Brasil no ano de 2010, a convite da Micros Fidélio Brasil, empresa de tecnologia para restaurantes e hotéis, onde ficou por 13 anos. Em 2013, foi sondado por um headhunter para assumir o cargo que ocupa atualmente. Nele, Aznar preside a atuação da ASSA ABLOY Hospitality em 47 países da América Latina e Caribe, com 23 distribuidores, quatro unidades próprias, três escritórios no México, dois na Colômbia, um no Panamá e um no Brasil. "Estamos em vias de abrir um escritório em Puerto Rico e um na Argentina", finaliza.

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