CNC- consumo das familias- maioICF caiu para 81,7 pontos, menor índice desde novembro de 2017

A CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) registrou a maior queda da história da pesquisa da ICF (Intenção de Consumo das Famílias) este mês. O tombo causado pela pandemia foi de 13,1%, enquanto abril apresentou recuo de 2,5%, chegando ao segundo resultado mensal negativo consecutivo.

O índice caiu para 81,7 pontos e atingiu o menor patamar desde novembro de 2017, permanecendo abaixo do nível de satisfação (100 pontos), onde se encontra desde 2015. Em relação a maio de 2019, a retração foi ainda maior: -13,7%, a queda mais acentuada desde agosto de 2016.

O indicador referente ao acesso ao crédito foi o único entre os subíndices que apresentou variação anual positiva (+5,4%). Com 93,5 pontos, porém, o item registrou queda no comparativo mensal (-1,8%), após quatro meses seguidos de alta.

“As taxas de juros cada vez mais baixas, com um nível inflacionário controlado, impactaram favoravelmente a percepção de acesso ao crédito. Contudo, o risco de maior inadimplência em virtude da crise provocada pela pandemia de covid-19 contribuiu para a desaceleração do consumo”, destaca José Roberto Tadros, presidente da entidade.

CNC: perspectiva profissional

Com a crise causada pelo coronavírus e o colapso no mercado de trabalho, os brasileiros estão com nível de pessimismo histórico em relação à perspectiva profissional. Com 88,1 pontos, o indicador atingiu em maio seu menor nível na série histórica, com queda mensal de 15,6% e anual de 18,2%.

“Os resultados transparecem a incerteza das famílias em relação ao futuro profissional e representam a insegurança dos brasileiros com os próximos meses”, diz Catarina Carneiro da Silva, economista da CNC. Pela primeira vez desde janeiro de 2018, a maior parte das famílias demonstrou uma perspectiva profissional negativa: 51,5%, contra 42,5% no mês anterior e 40,7% no mesmo período do ano passado.

Influenciada pelo momento atual dos indicadores econômicos e pelo prolongamento do período de isolamento, a maioria dos brasileiros também acredita que vai consumir menos nos próximos meses. Em maio, 50,9% das famílias demonstraram essa insatisfação de forma mais intensa na expectativa de consumir – o maior percentual desde outubro de 2017 – ante 39,5% em abril e 37,6% em maio de 2019.

Assim como em abril, a aquisição de bens duráveis se destacou negativamente. A parcela de consumidores que acreditam ser um mau momento para compra de duráveis, como eletrodomésticos, eletrônicos, carros e imóveis, atingiu 70,1%, percentual acima dos 60,7% observados no mês anterior e dos 61,5% aferidos em maio do último ano. “Além dessa piora nas percepções, o indicador correspondeu à maior queda mensal e anual dentre os índices do mês, de -22,7% e -21,4%, respectivamente, caindo a 52,9 pontos e terminando maio como o menor subíndice da pesquisa”, conclui Catarina.

(*) Crédito da foto: ElasticComputeFarm/Pixabay