caio calfat- pandemiaCalfat: um quarto de hotel não é item de primeira necessidade no momento

Nem mesmo Caio Calfat, presidente da Adit Brasil e nome de prestígio no mercado hoteleiro e imobiliário, soube definir ao certo o futuro do setor pós-pandemia. Com o número crescente de empreendimentos fechando suas portas buscando evitar o impacto financeiro da falta de demanda por conta do coronavírus, o executivo ressalta o papel importante que as propriedades podem vir a desempenhar em um cenário de colapso da saúde pública. 

Fechar as portas é sempre uma decisão difícil, mas com uma economia à beira da recessão e ocupações que chegam a zero, o mais sábio a se fazer é destinar os espaços ao combate a convid-19, segundo Calfat. “A hotelaria é um produto perecível. Não podemos estocar diárias. Os empresários terão que se adaptar a uma realidade de receita nula. Com a necessidade de isolamento de grupos de risco, os hotéis podem prestar este serviço, abrigando idosos, doentes e profissionais da saúde”, acredita.

O presidente da Adit Brasil ainda reforça a falta de apoio do governo federal com medidas que ajudem o turismo a sair do sufoco. “A MP 927 não ajudou em nada. O governo precisa oferecer condições de financiamento para o setor tentar sair sem grandes traumas, proporcionar o seguro-desemprego aos colaboradores. Caso o contrário, o desemprego será brutal”, disse Calfat, indo de acordo com as solicitações das principais entidades turísticas que seguem brigando por melhores iniciativas.

Caio Calfat: pipeline e construção civil

Sobre os empreendimentos em pipeline, Calfat afirma que, por hora, este é o menor dos problemas. Segundo o executivo, as obras que ainda não foram paralisadas provavelmente serão em breve, visto que o momento é de corte de custos e de unidades em operação fechando suas portas. “Imagino que as obras que ainda não foram serão paralisadas. Todas as contas estão comprometidas: taxas de luz, água, mão de obra. Tudo está sendo pago com dificuldade. É o momento de poupar e pensar no que é vital. Um quarto de hotel não é primeira necessidade”, afirma. 

Entretanto, outros agravantes geram resistência nos investidores na hora de decidir adiar a continuidade de um projeto. Um deles é a origem humilde de muitos colaboradores, que além de sofrerem com a perda de renda, ainda temem serem infectados em suas próprias residências. “Muitos funcionários preferem trabalhar, pois lá a alimentação é garantida, o transporte é pago e eles acreditam ter menos chances de contrair o vírus. Existem muitas variantes”, aponta.

Calfat ainda lembra que, no momento, não existem muitos hotéis em pipeline no país, visto que o mercado ainda sofre com a super oferta de empreendimentos construídos no período da Copa do Mundo e Olimpíadas, o que contribuiu para a crise dos últimos anos no setor. “São tempos difíceis e a retomada vai dependender das atitudes que tomarmos agora. Utilizarmos os hotéis com outras finalidades no momento talvez o prejuízo não seja tão grande”, aposta.

(*) Crédito da foto: Arquivo HN