Simplesmente B. Esse é o nome do mais novo hotel de Brasília. Desde que abriu, em março deste ano, o B Hotel já está muito bem falado no mercado. Independente e pertencente a uma família brasiliense, o empreendimento está localizado no Setor Hotoleiro Norte, em um terreno de esquina. Por ser o último lote da quadra, os apartamentos voltados para o Oeste possuem uma vista aberta que abrange alguns complexos culturais e esportivos. O por do sol pode ser apreciado através dos vidros, mas essa manifestação da natureza pode ser melhor apreciada no rooftop do edifício, onde há também o Bar 16 e a piscina com azulejos amarelos.

A fachada do B Hotel é inusitada por não ter a simetria característica das janelas emparelhadas. Dispostas de forma irregular, causam a sensação de descontração. Entramos no hotel e vemos um lobby retangular com mais de 60 metros de comprimento e 15 metros de largura. O restaurante, do lado esquerdo ocupa a maior parte do espaço, que é de vão livre. Os dois pontos de atendimento da Recepção amarela destacam-se com sua iluminação amarela contrastante com o elemento madeira, amplamente utilizado na principal área do B Hotel.

O arquiteto Isay Weinfeld foi muito feliz em seu projeto. Já visitei mais de 700 hotéis nos últimos anos e posso dizer que o Lobby do B Hotel é um dos mais interessantes que já conheci.

A concepção do hotel começou em 2009. É o que conta Ana Paula Ernesto, diretora executiva do B Hotel. “Foi quando contratamos o Izay e a partir daí começou todo o processo de definição do projeto, que foi aprovado em 2010. Quando conseguimos o alvará de construção, em 2012, começamos a obra.”

Sobre a razão da escolha da segmentação para ser um hotel lifestyle Ana Paula diz que o tamanho do terreno foi o fator chave para se contruir um emprendimento voltado ao mercado executivo. “Não haveria lógica em construir um hotel econômico, a conta não fecharia. Nem um hotel-boutique. Então resolvemos apostar no produto certeiro que era o hotel executivo”, explica.

Ana Paula Ernesto - B HotelAna Paula Ernesto é diretora executiva do B Hotel

Bom, mas vamos voltar ao Lobby. Entre o restaurante e a recepção fica o Bar. Há também o acesso ao pavimento superior, onde está a área de eventos com três salas, que se transformam em um só, além de outras seis salas para reuniões. Há ainda uma sala que pode ser utilizada pelos hóspedes para pequenos encontros ou reuniões. O tom da madeira, que cobre paredes e teto combina com o mobiliário, que é feito da mesma textura. As cadeiras são especiais e diferentes do que as existentes na maioria dos hotéis.

“O B é um restaurante com alguns quartos no andar de cima.” Com essa máxima, Ana Paula deixa claro que a gastronomia do B Hotel é muito valorizada. Para quem entra no lobby fica muito evidente. O restaurante do B ocupa 70% do espaço visível. Sob o salão, há uma cozinha industrial com 1 mil metros quadrados de área e com o que há de melhor no mundo dos equipamentos.

Não sei se, acabei não perguntando o por quê da escolha do nome, mas o B na minha opinião se refere a best

— melhor ou mais desejado no idioma inglês. E por ser novo, bem localizado e com alma de hotel independente, o B Hotel tem tudo para ser um dos melhores hotéis executivos do país. Vou voltar lá com certeza.

Confira na galeria abaixo as fotos das áreas sociais do empreendimento.

Gastronomia do B Hotel

O B Hotel conta com três pontos gastronômicos, além do room service. Tem o Restaurante do B e o Lobby Bar no pavimento térreo e o Bar 16 no rooftop, onde há grande incidência de pessoas que vem tomar um drink, ver o por do sol ou participar de um evento. A capacidade do B é de 120 pessoas e lá atrás, onde ficam os buffets, está a cozinha show. Se você é ligado em gastromonia, o restaurante do B é passagem obrigatória.

O Restaurante do B ocupa inteligentemente uma área que fica cerca de 50 centímetros abaixo do nível do restante do lobby. Isso faz com que o bar tenha em uma de suas laterais, poltronas ao invés de banquetas. Esse desnível crIa uma sensação de resguardo. Muito interessante.

Segunda Ana Paula, Brasília é uma cidade corporativa, praticamente não tem lazer. “Escutamos sempre que Brasília não tem vida. As pessoas se hospedam nos hotéis e não sabem pra onde ir, não sabem qual restaurante escolher. Sentem-se isolados dentro do hotel. Foi quando resolvemos que o lobby do B teria vida. A intenção de ter a gastronomia no primeiro plano foi para inverter a situação. Um hotel independente com uma gastronomia fraca não saíria na frente e foi por isso que investimos pesado na gastronomia”, conta a CEO do B Hotel.

Ana Paula explica que o primeiro chef foi contratado dois anos antes do B abrir. “Ele foi estudar os produtos da região, do cerrado, fez curso para fazer iogurte, pães, queijos e foi até em aldeias indígenas na Chapada dos Veadeiros. Resolvemos plantar para poder trabalhar com produtos frescos e criamos a nossa horta em uma fazenda bem próxima. Isso também foi dois anos antes da data que achávamos que iríamos abrir”, finaliza.

Mobiliário do Lobby, Bar, Restaurante e cozinha show lá atrás

Chef Rodrigo Sato

Quem comanda a gastronomia do B Hotel é o chef Rodrigo Sato, que tem fortes atuações no Renaissance São Paulo e no JW Mariott Rio de Janeiro. Ele diz que de terça a quinta o restaurante é bem cheio no almoço e jantar, com público corporativo. Na quarta e sexta, no almoço tem jazz. “Sábado e domingo é mais família, vem o pessoal de Brasília conhecer o hotel. No sábado é mais descolado com grupos de amigos, o bar da cobertura tem por do sol, que é um atrativo. O cardápio do bar é próprio, com petiscos, sanduíches, que podem ser degustados com a mão mesmo”, diz.

O chef Sato salienta que na gastronomia oferecida no B Hotel existe a preocupação com o orgânico, com o frescor. “Isto é o que estamos buscando hoje. Estamos no Goiás, temos os produtos do cerrado, como as frutas, polpas e castanhas. Iguarias que não existem na Mata Atlântica, por exemplo. Então, estamos experimentando e vendo os valores que agregam com as técnicas que temos. Basicamente, buscamos um ingrediente bacana do serrado, dos produtores locais e aplicamos na nossa cozinha”, explica.

Já que estamos na chuva para se molhar, fomos fundo no café da manhã, almoço, jantar e room service. Gostamos muito do que provamos e, principalmente, da patisserie oferecida. Esse departamento, um dos mais importantes do departamento de A&B, é direcionado pela chef Sonia Takata, que com maestria finaliza a degustação de todos.

Ah, tivemos o privilégio de participar do Chefs no B, evento gastronômico que acontece frequentemente no B. Na edição passada, dois chefs franceses e estrelados trabalharam a quatro mãos e proveram uma experiência memorável. Confira a reportagem aqui.

Passeie também pela galeria abaixo para ver as fotos da gastronomia do B Hotel.

Experiência de Hospedagem no B Hotel

O B Hotel conta com 306 habitações, distribuídas em 15 pavimentos e em sete categorias — variando de 28 a 72  m². A experiência de hospedagem no mais novo hotel da capital federal começa quando saímos de um dos quatro elevadores e seguimos pelo corredor. As luzes brancas, verticais e embutidas nas paredes criam o efeito de que a iluminação é natural. O acesso feito por cartão de Radio Frequência (RFID) e o sistema de abertura, instalado pela Assa Abloy Hospitality, está embutido nas portas, deixando o ambiente contemporâneo.

A habitação reservada para a reportagem do Hotelier News foi uma Suíte Deluxe, com 42 m². Ao abrirmos a porta deparamos com um hall cor de concreto. Segundo a direção do empreendimento, o ambiente homenageia a arquitetura de Brasília. É no hall que ficam os armários, que são amplos e contam ainda com cofre e roupão. Em frente ao armário, a entrada do amplo banheiro, equipado com pia para duas pessoas, chuveiro de teto e banheira de imersão. Os amenities são de marca internacional.

Saindo do hall cinza da entrada, a suíte explode com suas tonalidades de paredes brancas e madeiras claras. As duas janelas, uma em cada canto deixam a mostra o céu azul e alguns monumentos como o Estádio Mané Garrincha e o Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Na esquerda um sofá está acompanhado de uma cadeira design. No centro da habitação, a cama de tamanho king toda branca e na sua frente um móvel com itens de minibar, logo abaixo a mini geladeira e acima de tudo, a Smart TV 4k, com programação Netflix.

Na outra parede fica a estação de trabalho, suspensa e que dá um ar de leveza ao ambiente. Na frente da janela, a mesa redonda pode ser o apoio para um vinho enquanto as luzes dos carros e da cidade refletem no vidro junto com o céu escuro.

O minimalismo da suíte nos traz paz e quando, por instantes, meditamos buscando alcançar o equilíbrio, sentimos o verdadeiro acolhimento.

Veja nas fotos da galeria abaixo os cliques feitos durante a nossa estada.

Sustentabilidade ambiental no B Hotel: 80% do lixo gerado é processado

Se a oportunidade permite, um hotel do século 21 tem a obrigação de ter um olhar na sustentabilidade. E é exatamente isso que o B Hotel faz. Meses antes de abrir, o empreendimento já possuía uma horta em produção. Fomos visitar a fazenda que é de propriedade dos investidores do B Hotel e fica em Sobradinho, distante apenas a 25 km do Setor Hoteleiro Norte.

Com 64 hectares de área total, a horta ocupa cerca de 20 mil m² da fazenda. Sem a utilização de agrotóxicos, toda a produção de adubos é feita no próprio local. Todo o lixo orgânico que é produzido pelo B é levado para a fazenda. O técnico em Agronomia, Isaque Santos Carvalho, é quem cuida da maioria dos detalhes do cultivo e do manejo. Já o técnico em Construção Civil, Marcelo Correia Lima, é quem cuida da logística de transporte entre hotel e fazenda, além de ser responsável na execução das obras.

Carvalho comenta que 80% do lixo produzido pelo hotel é reciclado ou transformado em o adubo. “O B Hotel gera 1,2 toneladas de lixo por semana. Tudo que pode ser reciclado é levado para uma usina e o orgânico vem para cá. Estamos realizando estudos para poder eliminar de forma sustentável os 20% restantes. Temos certeza que em breve o B Hotel será um empreendimento totalmente verde”, explica.

“Estamos muito felizes em poder dizer que estamos utilizando técnicas diferentes de compostagem para potencializar os nutrientes”, diz Lima. “Estamos colhendo verduras de muita qualidade”, completa Carvalho. A conversa não é lorota. Pudemos ver pessoalmente o tamanho dos pés de alguns tipos de alface e ficamos impresionados (confira a foto na galeria)

Ana Paula diz que existem ideias e projetos para trazer os hóspedes ao local. “Podemos criar ações como colheitas e workshops com o pessoal da cozinha. Aqui é muito bucólico e fica a meia hora de carro do B. São muito raros os hotéis corporativos que podem prover isso aos hóspedes”, finaliza.

Veja na galeria abaixo as fotos da visita à horta que supre o B Hotel.

(*) Crédito das fotos: Peter Kutuchian