Alexandre Gehlen

 

Dados divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), da Secretaria de Trabalho do Ministério da Economia, mostram que o saldo positivo de emprego formal no Brasil chegou a 173.139 postos no último mês. Esse foi o maior número para fevereiro desde 2014, garantindo um crescimento, pelo terceiro mês seguido, na criação de empregos com carteira assinada no país.

Como se esperava, sete dos oito setores pesquisados criaram empregos formais em novembro, com destaque para serviços (112.412 vagas). Em recente estudo sobre o impacto do setor de alojamentos na economia do Brasil, encomendado pelo FOHB (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil) para a FGV-CELOG, mostra que a hospitalidade gera 694 mil empregos diretos, indiretos e induzidos na realidade do país. E que a cada milhão suplementar na demanda por serviços de alojamento, 25 novos postos são criados.

O turismo, em especial a hotelaria, será responsável em 10 anos, segundo projeções da OMT, por 1 em cada 5 empregos formais. Se os números são altamente relevantes, é importante  também lembrar que nosso segmento será menos impactado pela inteligência artificial, já que sorrisos, empatia, acolhimento são elementos que não poderão ser substituídos pela eficiência de robôs e demais máquinas.

Quando se pensa na realidade brasileira, com mão de obra pouco qualificada, quando comparada àquelas de outras grandes economias, o setor de alojamento privilegia a contratação de pessoal com escolaridade média mais baixa que demais serviços de consumos. Profissionais com superior incompleto, ensino médio e ensino fundamental representam 92,8% dos empregados da nossa indústria, contra 68,4% das demais atividades.

Por outro lado, curiosamente, o serviço de alojamentos paga um salário médio mensal maior (R$ 1.486,00) se confrontado com os demais setores (R$ 1.328,00).

Uma moeda estável, taxa de inflação sob controle, crescente investimento internacional são indicadores importantes para crescimento do país, mas nada supera o poder de compra do mercado doméstico, que é intimamente dependente do número de pessoas empregadas com boa renda per capita.

Se o turismo no Brasil tem um potencial de representar 9% do PIB, contra os atuais 2%, é ele o caminho mais seguro e certo para garantir o crescimento da economia e gerar uma política de distribuição de renda sustentável, não apenas pelo grande número de micro, pequenos e médios empreendedores que investem no setor, mas também nos empregos gerados por grandes players mundiais que ainda não investiram em nosso país por conta da excessiva burocracia, instabilidades políticas e jurídicas e o descaso do poder público com o segmento. O decreto assinado, neste mês de março, pelo presidente Jair Bolsonaro abolindo a necessidade de vistos para os turistas norte-americanos, canadenses, australianos e japoneses é uma reivindicação antiga da nossa indústria e representa um passo importante para o crescimento do turismo receptivo, e, portanto, para a hotelaria nacional.

Se diminuir a taxa de desemprego é uma das metas do governo, por que não apoiar ainda mais fortemente o setor de alojamentos que pode absorver mais rapidamente a mão de obra disponível hoje no país? Nós, hoteleiros, já nos colocamos a disposição para apoiar o crescimento. Os gabinetes de Brasília se mostraram abertos para a parceria. A ver.

—-

Alexandre Gehlen é presidente do FOHB (Fórum dos Operadores Hoteleiros do Brasil) para o triênio 2018-2020. O executivo é Diretor geral e sócio da ICH Administração de Hotéis, que opera as marcas Intercity, Yoo2 e hi!

(*) Crédito da foto: divulgação/FOHB