Selecionamos algumas histórias que acontecerem em hotéis de São Paulo. Hilárias ou não, demonstram o que já ouvimos de muitos profissionais: uma das coisas que mais encanta na hotelaria é o fato de nunca um dia ser igual ao outro.

Por Karina Miotto

Melhor repetir o modelito


José Workman
(fotos: divulgação)

José Workman, diretor de Marketing do Hilton São Paulo Morumbi, conta o que já aconteceu por lá. “Uma vez, um chefe de Estado trouxe tantas, mas tantas malas, que tivemos que providenciar outro apartamento só para colocar as bagagens dele” – isso aí, o quarto em que ele estava hospedado não comportaria tanta bagagem.

“O mais curioso é que ele usou uma camisa em um dia e, na mesma data, pediu que ela fosse lavada. Confessou que a usaria novamente durante a noite. Não nos cabe julgar, mas que a situação é curiosa, é.”

Aleluia!
Lilian Lumy, líder de Recepção do São Paulo Airport Marriott Hotel, estava atendendo quando chegou um hóspede para fazer check-out. Ele estava com um grupo de 40 homens, todos haviam passado um tempo hospedados lá a trabalho por uma determinada empresa. Lilian, então, virou e disse:

– Qual é o nome do senhor?

O homem responde:

– O nome do Senhor é Jesus. Aleluia!

Em coro, os 40 companheiros começaram a gritar “Aleluuuuuia!” no lobby do hotel. Segundo Lilian o riso tomou conta de todos que estavam por perto.

Cuidado com a cabeça


Luciana Aulicino

Sobre o Novotel Jaraguá, quem conta a história para o Hôtelier News é Luciana Aulicino, da área de comunicação e marketing do hotel. “A equipe de manutenção estava na cobertura para fazer a limpeza da fachada, com as duas portas de acesso abertas. No final da tarde, o equipamento quebrou e um dos colaboradores ficou preso na gôndola no meio da fachada (não subia nem descia). O funcionário ficou quase cinco horas preso e a equipe só consertou o motor às 22h30”, conta.

“Por volta das 22h, um técnico de Informática subiu na cobertura para verificar se estava tudo OK com o sistema de TV a cabo. Como viu que a porta estava aberta, entrou e foi direto para a sala onde estavam os equipamentos”. Quando a equipe de manutenção conseguiu consertar o motor que deixou o funcionário da limpeza pendurado por horas no meio do prédio, recolheu o material, trancou as portas e foi embora. Detalhe: sem saber que havia mais uma pessoa na cobertura. “Quando o técnico da TV percebeu que estava sozinho e trancado no 26º andar, começou a bater na porta e a gritar para ver se alguém escutava. Nada. Até que ele achou um balde furado e começou a jogar água lá para baixo. Uma senhora que estava passando na calçada acabou sendo “atingida” e foi reclamar com o segurança, dizendo que tinha um engraçadinho molhando as pessoas e que quando ela olhava, ele ainda ficava dando tchau“. Depois do susto, ele ganhou a liberdade.

Hoteleira parteira
Golda Boruchowski, gerente do Meliá Confort Higienópolis passou por apuros junto de uma hóspede grávida. “Ela era de Rondônia, estava sem o marido e não era previsto que ela teria o bebê naquela época. Estava em São Paulo super ansiosa para fazer o enxoval”. A ansiedade tinha explicação: ela estava esperando bebê por causa de uma inseminação artificial.

Como imprevistos geralmente acontecem, a bolsa se rompeu. Imagina só a correria de todo mundo dentro daquele hotel para ajudar a cuidar da hóspede… “Todos se mobilizaram. Ligávamos para a maternidade a todo o momento. Ela estava sozinha, o marido estava viajando fora do Brasil.”

Quando deixou o hospital, o médico não permitiu a viagem de volta para casa e esta hóspede morou três meses no hotel com o bebê. “Transformamos o apartamento em um berçário”, conta Golda. “Tiramos as cortinas, sempre fazíamos higienização hospitalar, as roupas do bebê só eram lavadas no quarto, o varal ficou na varanda. Antes dela ir embora fizemos até uma festinha.”

A relação da hóspede com o hotel não parou aí. Há pouco tempo, ela telefonou e disse para a Golda que o menino está com um ano e oito meses. “E disse também que está querendo fazer outra inseminação artificial e que se isso acontecer virá a São Paulo e ficará novamente em nosso hotel para ter o outro neném! Quase viramos parteiras”

Banho deitado


Rubens Polonio

Essa aconteceu no Crowne Plaza São Paulo. Nas banheiras dos quartos do hotel há espécies de bicas que permitem a saída de água quando o chuveiro é ligado. Para que a água saia pela ducha – e não pela bica – é necessário levantar o tal pino. Quem nos conta a história é o gerente de Manutenção Rubens Polonio.

“Certa manhã, enquanto o gerente conversava com um hóspede, conhecido seu e fazendeiro do interior de São Paulo, chamou-me para expor sua preocupação com a falta de instruções para o manuseio da bica. Algumas pessoas estavam tendo dificuldades. O produto é recente e, por isso mesmo, factível de confusão para os hóspedes. O fazendeiro me ouviu com muita atenção e no final confessou, desfiando um caipirês legítimo:

– Como foi bom ouvir isso. Há dois dias estou tomando banho deitado na banheira, fazendo a maior ginástica, por pensar que o chuveiro não funciona, conta aos risos.”

Depois disso, o hotel introduziu uma placa com instruções na parede da banheira. “E o fazendeiro, finalmente, pôde tomar o seu banho em pé”.

Distúrbios

Enrique Bertini, gerente geral do Comfort Hotel Downtown, conta como as observações dos colaboradores acabaram ajudando no tratamento de um cliente quando ele ainda era recepcionista. 

O hóspede precisava de ajuda, mas ninguém percebia. “Aquele senhor se apresentava todas as manhãs na recepção do hotel de roupão (somente de roupão) e se sentava no sofá para ler calmamente seu jornal. No meio da leitura, ficava gesticulando e comentando em voz alta as reportagens”. Este mesmo hóspede também presenteava os recepcionistas, mas pedia os presentes de volta quando não se sentia bem atendido. “Já deixávamos os presentes em um armário para devolução”, conta.

O desfecho desta história aconteceu quando o hóspede entrou em um evento do qual não participava para entregar livros a todos os participantes. A segurança precisou retirá-lo de lá. Ao final de sua hospedagem e depois de muitas suspeitas, foi confirmado que aquele senhor sofria de distúrbios mentais. Graças ao episódio que aconteceu no hotel, ele foi levado a uma clínica de tratamento e felizmente pôde ser ajudado.

* * *

Como você pode ver, fatos engraçados, e outros nem tanto, fazem parte do dia-a-dia de pessoas que trabalham em hotéis. Sendo ou não completamente hilárias, uma coisa é certa: todas as histórias ensinam.

Serviço
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