TurismoCristo Redentor foi visitado por 3,3 milhões de pessoas em 2017

Às vésperas das eleições majoritárias, o setor de turismo (e toda sociedade) tenta separar o joio do trigo para fazer suas escolhas, sem deixar de elencar suas demandas. Entregues à maioria dos candidatos à presidência, as propostas do trade turístico falam, de maneira geral, sobre caminhos para destravar investimento e fazer a indústria expandir. O documento, assinado por mais 20 entidades do segmento, é agora destrinchado pelo Hotelier News.

Entidades como Abav (Associação Brasileira de Agentes de Viagens), ABIH Nacional (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis), FOHB (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil) e Unedestinos (União Nacional dos CVB's e Entidades de Destino) assinaram o documento, encaminhado pelo Cetur (Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade), da CNC (Confederação Nacional do Comércio), aos candidatos. 

TurismoSampaio: "turismo é muito importante"

Em entrevista ao Hotelier News, Alexandre Sampaio, presidente do FBHA (Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação), disse que o documento, de certa forma, reitera a importância do turismo para a economia brasileira. "Em sua maioria, são propostas para serem implementadas a curto prazo”, explica.

“Nas questões macro, temos alguns gargalos importantes a serem superados. Podemos citar questões ligadas à reforma tributária, desburocratização da licença ambiental, reforço da segurança pública, aumento do capital estrangeiro nas empresas aéreas, orçamento claro para a pasta do turismo e a modernização da Lei Geral do Turismo“, salienta.

Sampaio mencionou também que a regularização de cassinos pode alavancar o turismo, sendo também de bastante interesse do setor. O presidente da FBHA cita ainda a necessidade da regulamentação de aplicativos como Airbnb, visando não sua extinção, mas uma competição mais justa.

"Estou confiante de que nossas pedidas vão passar. Mesmo com diferenças, vejo a maioria dos presidenciáveis entendendo nossas propostas e vendo o turismo em si como um bom negócio para o Brasil", comenta.

Turismo: dados e propostas

TurismoCataratas do Iguaçu é muito procurada por turistas

Para comprovar a pertinência deste cenário, o documento criado pelo Cetur levantou informações a respeito do impacto do setor no país. Segundo levantamento  de 2017 da WTTC (World Travel and Tourism Council), o turismo emprega 2,9 milhões de pessoas, teve quase US$ 20 bilhões em investimentos, representando ainda 6% do PIB (Produto Interno Bruto) no período.

Em cima de todo esse potencial foram eleitas algumas ideias básicas do que se imagina ideal para o desenvolvimento do mercado turístico. O preceito fundamental é "elevar o Brasil para o topo da lista de escolhas de viagens”. Basicamente, é isso que norteia os principais pontos do dossiê.

A melhora da infraestrutura pública é a primeira a ser citada. Bem presente nos discursos de lideranças do setor, o aumento da divulgação do destino no exterior é uma pauta dividida entre mais ações de marketing, desenvolvimento de novos produtos e busca por mercados emissores com gastos elevados, como a China. O aprimoramento da malha de transporte, seja aéreo, rodoviário, ferroviário ou náutico, é outra medida ressaltada.

Turismo e seus pilares

Todas essas propostas estão divididas em cinco pilares: Infraestrutura, Promoção, Segurança Jurídica, Competitividade e Gestão e Monitoramento.

O primeiro fala de desenvolver programas para preservação e valorização do patrimônio natural e cultural brasileiro. Propõe-se também a ampliação do setor de transportes (aeroportuário, terrrestre, férreo e marítimo), bem como a criação de políticas de apoio à economia local do turismo, entre outros assuntos.

No segundo, o objetivo principal será adotar ações que estimulem viagens domésticas e internacionais, por meio do fortalecimento da Marca Brasil. Outro ponto importante é a transformação da Embratur em agência de promoção internacional, bem como a criação de um conselho de Marketing alinhado à empresa governamental.

Para o terceiro tópico, o objetivo principal é a adequação no âmbito regulatório sobre o turismo, garantindo um Estado facilitador e estimulante. Algumas condições citadas são o impedimento do retorno da incidência do Imposto de Renda Retido na Fonte, que acontece quando empresas do ramo realizam pagamentos de serviços no exterior; ampliar a flexibilização de vistos com o e-Visa (visto eletrônico) e alinhamento no ambiente regulatório do setor aéreo brasileiro ao internacional.

O quarto pilar discursa sobre atrair investimentos em tecnologia, serviços e produtos para que o Brasil obtenha reconhecimento internacional. Assim, alguns pontos incluem o estímulo à iniciativa privada no desenvolvimento, inovação e estruturação dos destinos; programas de capacitação e estratégia de gestão digital do turismo, em níveis nacional e regional.

No último pilar, o ponto é reforçar a base do turismo no Brasil, considerando medidas a longo prazo. Pautas como incentivo a projetos de cooperação regional; fortalecimento de câmaras temáticas e fomento a Rede Nacional de Observatórios de Turismo, dentre discussões correlatas, são os polos principais de ação do plano de turismo.

(*) Crédito da capa: charlesmackaycm/Pixabay

(**) Crédito da foto: willian_hludke/Pixabay

(***) Crédito da foto: Divulgação/FBHA