Unanimidade – da qual Nelson Rodrigues já havia desdenhado da sabedoria -, clichê ou senso comum já desgastado, fato é que o Brasil vem firmando-se como centro dos holofotes mundiais nos últimos anos, seja no âmbito da política ou, claro, turismo. Uma série de fatores convergem para que o País, junto com outras economias, alcunhadas de emergentes, tenham lugar de destaque na nova ordem mundial.
No caso do Brasil e, especificamente, quando se pensa da indústria das viagens, a grande questão é a nossa própria economia favorável ao aumento dos gastos com turismo, e a hotelaria nacional, cada vez mais cara.
A crise na zona do euro e o desaceleramento da economia estadunidense vem colaborando para esta ascensão brasileira
dentro do cenário internacional. Por um lado, os Estados Unidos discute, sistemicamente, possibilidades para facilitar a entrada de brasileiros no país, abrindo novos postos de atendimento para a solicitação de vistos e começando a afrouxar as rédeas na burocracia exigida pelo processo. Por outro lado, a Europa também quer conquistar sua parcela deste mercado, abrindo escritórios e reforçando suas campanhas de promoção dos mais diferentes destinos.
Os profissionais do trade turístico, especialmente em São Paulo e Rio de Janeiro, percebem este movimento com mais clareza. Estão tornando-se cada vez mais frequentes as visitas de não tão petit comitês de representantes dos hotéis estrangeiros buscando estreitar seu networking com agentes e operadores de todos os segmentos, desde o alto luxo até a festejada crescente classe C.
Embora ainda não tenham – ou não divulguem – metas e números concretos, os hoteleiros parecem satisfeitos com os resultados desses “encontros de relacionamento”, e querem mais. Exemplo disto são os recentes eventos realizados por aqui: recentemente, desembarcaram em terras tupiniquins uma entourage da Marriott e outra da Starwood.
O consenso geral dos organizadores dos eventos é de que há demanda para tanta euforia estrangeira – além dos destinos tradicionais procurados por brasileiros, como Miami e Nova York, ou França e Itália, fazem-se presentes também hoteleiros do Leste Europeu e do Oriente Médio. Com isso, vende-se hospedagem para todos os públicos: os que nunca foram e os que querem voltar para seus destinos preferidos, e aqueles que se aventuram por desembarques cada vez mais exóticos.
Com o mercado interno impossibilitado de qualquer grande gasto, a Grécia é outro exemplo da euforia pró-brasileiros. Em recente vinda ao País, as autoridades de turismo local afirmaram apostar no Brasil como um viajante fiel. Isso porque, embora os números tenham sofrido uma sensível queda em abril, figuramos na lista da OMT (Organização Mundial do Turismo) como viajantes que tem crescentes despesas no exterior – tudo o que deseja uma economia em crise.
Para a hotelaria local, o cenário ideal. Quem pode arcar com as consequências deste favoritismo pelo Brasil, no entanto, é nosso próprio mercado, que vai perder espaço para as atrativas condições das viagens ao exterior.