(imagem: jornalismoinfocus.blogspot.com)
 
O 3º Seminário Hôtelier News de Marketing e Vendas, ocorrido no início do mês, trouxe à baila uma questão pouco discutida nos recentes eventos voltados à hotelaria: a comunicação. Por esta última semana, o tema voltou a tomar latência com a realização da 39ª edição da Feira das Américas – Abav.  E não só o marketing e a interação com o público nas redes sociais tomam a pauta, mas sim o trabalho e a importância das assessorias de imprensa para o setor.
 
Em linhas gerais, contrata-se uma empresa para que o hotel torne-se notícia e conquiste a chamada mídia espontânea. À revelia dos anúncios, os press releases enviados pela assessoria de imprensa privilegiam fatos noticiosos à propaganda. Prática comum, no entanto, é a ânsia em se divulgar como fato o que é publicidade, deixando informações potencialmente mais interessantes para a mídia – seja ela especializada ou não – de lado. A Abav deixou tangível este ponto, quando inúmeras empresas queriam transformar em notícia a participação na feira, deixando de lado pormenores muito mais elucidativos – a exemplo de reformas, ampliações ou outros projetos muito mais relevantes.
 
Em semanas que antecedem grandes feiras, como as duas últimas norteadas pela Feira das Américas, multiplicam-se os comunicados fartamente adjetivados e superlativizados gradando que o melhor empreendimento de determinada praia paradisíaca irá apresentar sua magnífica estrutura e seu serviço diferenciado aos participantes. Parece-lhe algo que já tenha sido divulgado sobre seu hotel? Em paralelo, o mesmo empreendimento recebeu um investimento para reforma de suas instalações, acaba de contratar um novo gerente e registrou, no último mês, um RevPar superior à média anual. Todavia, tais informações passam despercebidas pela mídia, sendo rasamente divulgadas como retranca do pacote imperdível para o próximo feriadão. Faltam dados, números e, muitas vezes, porta-vozes.
 
Esquece-se de algumas regras triviais do jornalismo, que costumam nortear as redações, seja da Folha de S. Paulo, seja de veículos do trade. Uma delas é de que o release deve servir de base para a notícia e, portanto, conter as informações do chamado lide: o que, quem, como, quando, onde e por que – podendo acrescentar também, uma vez que muito se fala em resultados, quanto. É preciso que este quanto seja claramente determinado, em vez que um percentual feito sem que haja base de comparação para tanto. Regra de três: para haver uma porcentagem, é necessário que haja o número absoluto.
 
Outra diretriz do jornalismo é de que cabe à mídia a decisão de como usar o material recebido e se aquilo, de fato, “rende pauta”. Uma matéria interessante pode surgir de dez minutos de conversa que o porta-voz se preocupe em travar com o jornalista, mas uma sugestão de pauta supérflua não se tornará mais interessante com uma ou três ligações insistentes do assessor.
 
É um clichê – além de uma simplificação pouco elucidativa – dizer que a mídia constrói impérios e derruba presidentes, a exemplo do famoso caso de Watergate.
 
A internet, a publicidade, as mídias sociais, a TV, o rádio, o jornal – enfim, os meios são muitos e podem ser usados de formas diferentes para auxiliar na solidificação da imagem de um empreendimento. Mas a informação mal divulgada também é uma ferramenta para torná-lo risível. A comunicação, em tempos de transmissão de dados por fibra ótica, é uma estratégia. Trabalhá-la bem significa dispensar esforço em buscar maneiras de fugir do lugar comum que, recentemente, vem tornando press releases, publieditoriais e propagandas cada vez mais pasteurizados.