Integração entre a lagoa, piscina e o mar é uma das características do Hotel Jatiúca
(fotos: Peter Kutuchian)

Poucos hotéis no Brasil, e no mundo, conseguem alcançar uma notoriedade que os torne representantes da hospedagem dos destinos nos quais estão inseridos. Ao redor do mundo temos alguns exemplos icônicos como Waldorf Astoria e Plaza (Nova York); Raffles (Cingapura); Claridge’s (Londres); Ritz (Paris); Alvear (Buenos Aires); Beverly Hills (Los Angeles) além de dezenas de outros. 

No nosso País temos poucos cases, o mais famoso é o Copacabana Palace (Rio de Janeiro). Temos também: Hotel das Cataratas (Foz de Iguaçu); Tropical (Manaus); Transamérica Ilha de Comandatuba (Bahia) e mais alguns que dá para contar em duas mãos. 

Geralmente, meios de hospedagem internacionais têm mais de 70 anos de história ou até mais, mas aqui no Brasil a história e a tradição são tratados de forma diferente. Alguns hotéis já fecharam, foram demolidos e estão defasados, não permitindo que sejam citados. Muitos dos que estão na ativa foram construídos nas décadas de 1970 e 1980. E assim nossa matéria começa.

Por Peter Kutuchian*

Inaugurado em 1979 e pertencente à família que controla as Casas Pernambucanas, o Hotel Jatiúca tornou-se, pouco tempo depois da abertura, o principal meio de hospedagem de Maceió, sendo adotado pela sociedade do destino como palco dos eventos sociais. Desde então, fica difícil não associar o Jatiúca a Maceió, quando o tema é turismo.

O tempo passou e o hotel sentiu o impacto de algumas questões nacionais nas décadas de 1990 e 2000, época que o boom da hotelaria alavancou novos empreendimentos em Maceió. Quando ele foi aberto, a praia de Jatiúca era distante da região central e o local era visto fora da cidade. Com a expansão da orla e novos hotéis sendo construídos, o Jatiúca foi perdendo sua notoriedade como principal meio de hospedagem para os turistas, que eram atraídos pelos novos produtos. Outro ponto é que a sua operação sempre foi acompanhada de longe, já que a sede das Casas Pernambucanas é na capital paulista. Mas isso mudou.

Atualmente, a qualidade de vida é vista como prioridade pela maioria das pessoas que habitam os grandes centros. Perder tempo com a locomoção para se chegar a um destino é tão ou mais importante do que o próprio atrativo do ponto turístico. Viajar e ficar hospedado em um local que una a distância e o conforto são quesitos primordiais na escolha dos turistas mais exigentes. E este é um dos aspectos mais valorizados no Hotel Jatiúca. 

O terreno de 10 mil m² onde está situado o hotel virou um oásis dentro de Maceió. Além de ser “pé na areia”, contempla um lago e centenas dos coqueiros, propiciando um ambiente único na cidade que encostou, e passou pelo empreendimento. Estar no Jatiúca sempre foi sinônimo de segurança, tranquilidade e conforto. Faltava apenas fazer um retrofit no hotel.

Sendo assim, a direção do Jatiúca decidiu investir pesado na remodelação do empreendimento. Até o momento gastou-se a soma de R$ 34 milhões. Para tocar o projeto, contratou-se Claudio Cordeiro e as obras começaram em 2012 e contemplaram a reforma dos 96 quartos, da mudança de local do setor administrativo, dando lugar a um novo centro de convenções, com capacidade para atender 1.200 pessoas. Do lado de cá do lago, lobby, lounge, copa do bebê, estacionamento e piscina foram repaginados. Do outro lado, foram construídos um novo complexo aquático, os restaurantes Canoas e Wanchako, o bar, o kid’s club, a academia de ginástica, e uma das duas quadras de tênis foi transformada numa de futebol de areia. É bom lembrar também do novo paisagismo desenvolvido em todas as áreas recém-construídas.

Os investimentos não param por aí. Ainda falta gastar aproximadamente R$ 1 milhão em obras que contemplam a construção de um centro de bem-estar, a implementação de um espaço gourmet e de atividades náuticas no lago, de um brinquedo aquático no kid’s club e a criação do Bubble Bar, em frente à praia.

Fora isso, a própria operação mercadológica foi modificada. Implantou-se o sistema Map com flexibilidade na escolha do almoço ou jantar, o que fez a receita aumentar. A implantação do conceito de paridade tarifária, a diminuição percentual de disponibilidade com as operadoras e a venda direta foram fatores importantes para o aumento da receita. Num comparativo entre 2012 e 2015, a receita de hospedagem, no mês de julho, cresceu quase 191%, passando de R$ 548.210,00 para R$ 1.593.648,00. Já a diária média teve um incremento superior a 109%, chegando a R$ 415,00. E a ocupação registrou um acréscimo de 35,3%.

Segundo Cordeiro, os resultados de 2014 foram atrapalhados pela Copa do Mundo. “No ano passado o índice de ocupação foi mais de 30 pontos percentuais inferior do que em 2015. Neste ano, estamos enfrentando uma crise, o que diminuiu em 1,6% a ocupação, se compararmos com o ano de 2013. Mas o que podemos dizer com veemência é que temos um hotel novo, com uma gastronomia diferente e com opções diferenciadas de estada em toda a Maceió. Não existe um resort urbano no País como o Hotel Jatiúca.

Gastronomia
A gastronomia do Hotel Jatiúca é um dos pontos forte do empreendimento. E é assim, ou melhor, precisa ser, na maioria dos resorts, onde a expectativa e a própria inclusão de uma das refeições na tarifa, aumenta a ansiedade na obtenção de prazeres oriundos desse contexto.

O Jatiúca tem quatro pontos de venda (PDV) alimentícios, além do serviço de quarto. Próximo ao lobby fica o Bar Cabana, que atende os hóspedes que ficam na piscina e no lounge, sendo o único PDV do lado de cá do lago. O segundo bar, o Areia Fofa, serve a turma que fica nas novas piscinas e na praia, e fica na mesma estrutura dos dois restaurante do empreendimento, o Canoas e o Wanchako. O primeiro é o principal do Jatiúca. É nele que os clientes desfrutam do café da manhã, almoço e jantar. Com quatro ambientes, é no Canoas que eventos sociais de pequeno porte como aniversários e jantares comemorativos são sediados. Sua arquitetura permite que os espaços sejam divididos, e que os eventos ou refeições sejam absorvidos sem confusões.

Como o jantar está incluído na tarifa, em cada noite há uma opção temática diferente. Aos domingos, o tema é On the Road, que traz hambúrgueres grelhados na hora e refeições típicas da gastronomia fast-food. Às terças, a opção é a Caiçara e o destaque vai para a estação de ostras frescas. Nas quartas-feiras, o tema é o Asiático, onde um sushiman prepara as iguarias originárias do oriente. Já nas quintas a gastronomia é a alagoana, com alguns dos pratos típicos da região. Nas sextas-feiras, a opção é a comida latina, sendo o carro-chefe a variedade mexicana. E, finalmente, aos sábados, pizzas e massas dão o destaque para o festival Italiano.

Vale lembrar que o hóspede pode escolher entre o jantar e o almoço, podendo assim adequar sua programação na cidade e não deixar de usufruir uma das duas refeições. Segundo Diogo Aragão, gerente de Alimentos e Bebidas do Resort, cerca de 25% dos hóspedes trocam o jantar pelo almoço. “Este índice faz com que saibamos a quantidade certa para ser produzida ao meio-dia”, diz Aragão. Pudemos provar a segunda refeição do dia e verificar que as opções são em menor número, porém sempre há uma opção feita na hora.

Wanchako
Uma dos grande trunfos gastronômicos do Hotel Jatiúca é ter dentro de sua estrutura uma filial do restaurante Wanchako, conduzido pelo chef Rick Bert, filho do casal que abriu, há 19 anos e ali perto, um dos primeiros restaurantes peruanos no Brasil.

“A maioria dos hóspedes que vinham para cá queriam reservar uma ou duas noites para provar a gastronomia premiada do Wanchako e com esse histórico decidimos que ter uma filial dele aqui seria mais uma forma de agradar o hóspede, oferecendo mais conforto e tranquilidade para ele”, explica Aragão.

Pudemos experimentar os pratos preparados por Bert e não há como em se deliciar com os preparos. Destaque para o Cebiche Hermoso, uma das entradas mais pedidas no Wanchako e para a Langosta, uma generosa lagosta grelhada com maionese de camarões e camarões na manteiga com shiitake.

“Mesmo sendo perto do restaurante matriz, o ambiente a vista daqui são únicos, posso dizer que prefiro este do que o outro”, diz o chef Bert.

Fechando esta seção, destacamos alguns pontos do café da manhã como a grande variedade de pães, talvez a maior vista em hotéis nacionais, e as estações de omeletes, tapiocas e sanduíches.  

Hospedagem
Com 96 habitações distribuídas em quatro torres de dois pavimentos, o Hotel Jatiúca pode ser considerado um resort-butique, pois mesmo com o hotel lotado sobra muito espaço para todos. Anexo ao terreno, há uma torre de condomínio, com sete pavimentos e 78 suítes, operada pelo Jatiúca. 

As categorias das habitações estão divididas em Superior, Luxo e Luxo Varanda. A diferença entre as Superior e Luxo é por conta do tamanho da cama de casal e dos amenities oferecidos. Já as unidades Luxo Varanda, como diz o nome, contam com uma varanda de frente para a lagoa do resort.

Com boa infraestrutura, as habitações localizadas nos quatro blocos acomodam até quatro pessoas e têm um tamanho de 38 m². Todas contam com ar-condicionado split, TV de 32” a cabo, secador de cabelos, cofre, frigobar (operado pela Anserve), telefone e acesso à internet via Wi-Fi.

Já as Suítes do flat estão distribuídas em cinco categorias, variando de metragem entre 39 m² e 134 m², algumas são duplex podem acomodar até seis pessoas. Todas contam terraço com vista privilegiada para o oceano e ao "mar" de coqueiros do terreno do Jatiúca.

Serviço
hoteljatiuca.com.br

* A reportagem do Hôtelier News viajou para Maceió, nas Alagoas, a convite do Hotel Jatiúca.