Para um número considerável de turistas, vale bastante a pena viajar para montanhas intocadas, praias ensolaradas ou para destinos de natureza exuberante. No entanto, apesar de todos os benefícios para a economia local, um fluxo constante de turistas pode ter um impacto ambiental igualmente significativo, em decorrência do aumento de esforços dos hotéis para garantir uma infra-estrutura adequada, gerando maior consumo de recursos naturais e resíduos nocivos ao meio ambiente.

De acordo com números levantados pelo Green Building Council dos Estados Unidos, por ano, a hospitalidade em todo o mundo consome cerca de US$ 4 bilhões em energia, 1,2 trilhões de litros de água e gera milhões de toneladas em resíduos. A estimativa é de que atualmente haja 175.000 hotéis em todo o mundo, com 16,4 milhões de apartamentos com geração de receita aproximada de US$ 550 bilhões somente em 2016.

Por Jim McLelland para a JLL Real Views

"O desenvolvimento sustentável só pode ser alcançado a longo prazo se conseguirmos equilibrar a prosperidade econômica e social com o mantenimento da integridade ambiental", explicou Franz Jenowein, diretor de Pesquisas Globais de Sustentabilidade da JLL.

Hospitalidade é um mercado competitivo e sustentabilidade é um tema cada vez mais presente – em parte porque a responsabilidade social e de meio ambiente está atrelada ao desenvolvimento do universo corporativo. "As grandes companhias hoteleiras estão expostas à pressão dos pares corporativos da mesma forma que empresas de outros setores de consumo essenciais, como alimentos ou automóveis. Trata-se de um adicional (a sustentabilidade) para players do mercado imobiliário que investem no âmbito comercial. Já existem inclusive marcas ou linhas de produto verdes, por assim dizer", completa Jenowein.

O diretor aponta ainda que a indústria hoteleira está ligada diretamente às alterações climáticas. "Eventos climáticos mais extremos combinados com a mudança nos padrões climáticos não só determinam o interesse dos turistas nas atrações de um destino a longo prazo como também podem ter impactos mais imediatos sobre edifícios, ambientes naturais e estruturas construídas pelo homem", explica. 

Enquanto cadeias como Hilton e Marriott estão aumentando os seus esforços verder, são os eco-resorts que chamam a atenção da mídia mundial, como o anúncio da construção do empreendimento de luxo mais verde já construído, feita pelo ator de Hollywood e ativista ambiental, Leonardo DiCaprio.

"Quando investidores se unem para o planejamento de um hotel, antes até do destino, vêm as questões de sustentabilidade como parte do processo de tomada de decisão", afirma Dan Felton, vice-presidente executivo da JLL´s Hotels & Hospitality Group. "Os clientes querem ver a evidência do verdadeiro compromisso com a causa, de preferência com um toque de criatividade no topo", completa.

Os resíduos alimentares, por exemplo, tornaram-se tema de uma das problemáticas dentro da hospitalidade, que já demonstrou interesse em distribuir o excedente oriundo dos restaurantes e centros de convenções para pessoas em situação de vulnerabilidade. "A burocracia em torno das normas de produção e da segurança alimentar tem sido um problema para este tipo de ação, mantendo o volume de alimentos redistribuídos incrivelmente baixo, mesmo quando doados e não revendidos", observa Fenton.

O Hilton Chicago, nos Estados Unidos, mantém uma fazenda no último pavimento com cultivo de ervas e legumes, criando oportunidades de trabalho para adolescentes das comunidades carentes locais.

Embora diferentes grupos hoteleiros tenham prioridades em matéria de sustentabilidade, uma nova onda de iniciativas inovadoras está propagando uma mensagem muito positiva dentro da indústria. O desenvolvimento sustentável é um mercado crescente e de significado. "Não é o suficiente ter algumas características verdes nos dias de hoje. Trata-se de algo que os hotéis devem usar como diferencial positivo frente à concorrência", finaliza Fenton.

* Crédito da foto de capa: Pixabay/tookapic