(imagem: pixabay/geralt) 
 

Mesmo ainda sofrendo os impactos negativos do cenário econômico adverso e do panorama de incertezas políticas, os hotéis urbanos brasileiros (hotéis e flats) começam a mostrar sinais de lenta recuperação. Segundo aponta a pesquisa Hotelaria em Números – Brasil 2017, realizada pela JLL Hotels & Hospitality, o RevPar (receita média por apartamento disponível), principal índice de rentabilidade dos hotéis, apresentou queda menor em 2016, de 9%, em relação aos 15% de declínio em 2015. "É um indicativo de que a trajetória de queda do índice, observada desde 2014, pode ser interrompida já em 2017", explica Ricardo Mader, diretor da JLL Hotels & Hospitality para a América do Sul.

Para Mader, a recuperação, apesar de lenta, tem se consolidado este ano e vem renovando o ânimo dos principais players do setor hoteleiro.

O levantamento evidencia a retomada das atividades em alguns segmentos de demanda, principalmente os ligados a eventos e convenções corporativas, já que as empresas estão se preparando para a retomada da atividade econômica, e têm implementado novas estratégias e programas de desenvolvimento.

O clima de incertezas econômicas e políticas também influenciou negativamente a tomada de decisão por parte de investidores em 2016 e, consequentemente, não houve transações hoteleiras relevantes. Mas os negócios tiveram uma retomada já no primeiro semestre de 2017 e "Os investidores voltaram a buscar oportunidades no Brasil, notadamente as redes hoteleiras e os fundos de private equity. Nossa expectativa é de que mais transações importantes continuem acontecendo este ano. Também são esperadas fusões de grandes grupos hoteleiros locais", diz o diretor da JLL. A principal transação registrada até agora em 2017 foi a compra do Hotel Windsor Atlantica, no Rio de Janeiro, pelo Fundo Blackstone – que entregou a operação do edifício ao grupo Hilton.

Como já era esperado, o relatório registrou queda na taxa de ocupação dos hotéis urbanos em 2016, e o ano fechou com média de 55%, queda de 7,5% em relação a 2015. Por outro lado, o impacto das altas diárias nos hotéis do Rio de Janeiro, antes e durante a Olimpíada, somado à desvalorização do real conseguiram conter as diárias médias, que caíram apenas 1,6% em relação ao ano anterior. Também em 2016, a margem de lucro dos hotéis sofreu o impacto negativo da queda do RevPar e do aumento da inflação.

Já o desempenho dos resorts continuou melhorando em 2016. Apesar de uma ligeira queda na taxa de ocupação, que chegou a 56% em 2016, o faturamento médio cresceu 17,5% em relação a 2015. "Hospedar-se em um resort se tornou objeto de desejo para os viajantes, especialmente os brasileiros, que assimilaram o conceito de experiência num resort em suas diferentes formas, por isso, os resorts tiveram um desempenho médio de ocupação muito satisfatório em 2016 e o índice deve se consolidar neste ano. O desafio para os resorts será controlar seus custos, ou seja, manter o alto nível de qualidade nos serviços prestados sem repassar o valor em forma de aumento tarifário, pois o viajante dificilmente aceitará essa mudança", avalia Luigi Rotunno, presidente da Associação Brasileira de resorts (ABR).

Para Mader, 2017 deve marcar o início de um ciclo de baixo crescimento da oferta hoteleira nacional. A JLL estima que 70% dos hotéis desenvolvidos no Brasil nos últimos 20 anos foram financiados por pequenos investidores, por meio da incorporação de condo hotéis. A nova regulamentação da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) para a modalidade de condo hotéis deverá frear o desenvolvimento desse modelo de negócios. "Se a estabilização macroeconômica no País se consolidar, com queda das taxas de juros e da inflação, acreditamos que o modelo de condo hotel deverá ser substituído por fundos imobiliários. Num primeiro momento, os fundos serão estruturados com portfólio de hotéis e condo hotéis existentes e, futuramente, poderão ser criados fundos para desenvolvimento de novos hotéis", comenta.

A pesquisa
O relatório Hotelaria em Números apresenta um panorama da performance de hotéis, resorts e flats do País. A amostra pesquisada para esta edição totaliza 500 empreendimentos e traz informações e dados sobre seu desempenho operacional em 2016. Há sete anos, a JLL conta com a parceria do Fohb (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil), e este ano também com a ABR (Associação Brasileira de Resorts).