Inbal Blanc
(foto: arquivo pessoal)

O titulo acima, é uma cópia da reportagem sobre um dos ataques terroristas a hotéis realizados em 2015 e 2016. Trata-se de um hotel de praia, cuja o objetivo foi claro: atacar turistas estrangeiros. 

Em breve, o maior evento esportivo do planeta será realizado aqui no Brasil. A realização dos Jogos Olímpicos certamente trará um clima de comemorações mas também acarretará vários riscos, inclusive relacionados ao terrorismo, que podem ser agravados pela falta de preparação do país, sobretudo, em relação à segurança.

A preocupação não é sem razão. No passado, já houveram dois ataques terroristas em Jogos Olímpicos – Munique, em 1972, e Atlanta, em 1996. E, recentemente, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) confirmou a autenticidade de um perfil e de uma ameaça contra o Brasil postada pelo francês Maxime Hauchard, integrante do grupo Estado Islâmico (EI). Em novembro de 2015, pouco depois dos ataques na França, Hauchard postou em sua conta numa rede social a mensagem “Brasil, vocês são nosso próximo alvo”.

Nos últimos três anos, o mundo passou por várias mudanças. O Islã Radical tem ganhado forças em todo o planeta e, com sua ideologia radical, busca atingir a todos que não sejam seus seguidores, que não apoiem seu ‘Jihad’. Os grupos radicais têm investido seus recursos na conquista de territórios nos países árabes e africanos, bem como na realização de ataques terroristas em vários países. Ressalta-se que a tendência é de aumento do número desses ataques, de acordo com o crescimento dos ataques da coalização internacional na Síria e no Iraque.

Para os terroristas, os alvos preferenciais são locais turísticos, com grande circulação de estrangeiros. São aeroportos, como ocorrido na Bélgica, bares, casas de show e estádio, como aconteceu na França, estações de Trem como ocorreu na Alemanha além de hotéis, como os acontecidos na Tunísia, Líbia, Mali e Burkina Faso.

Todos esses pontos, principalmente os hotéis, são considerados alvos frágeis (Soft Targets) e com impacto significativo, seja com ataques organizados e com armamento pesado, que seguem orientação, treinamento e financiamento de grupo terrorista, seja com ataque dos chamados ‘lobos solitários’ (Lonely Wolf), realizado por um cidadão, geralmente do próprio país, que passou por uma lavagem cerebral por meio das redes sociais e que se dispõe a fazer ataques e dar a vida pela causa islâmica.

A ameaça do integrante do EI e a realização dos Jogos Olímpicos faz do país um possível alvo, sobretudo pela presença de jogadores e representantes de países que participam da coalizão do combate ao EI. Vale lembrar que a Olimpíada no Rio é o primeiro megaevento a ser realizado depois da grande ofensiva ao Estado Islâmico. É fundamental que o país esteja preparado para os riscos.

A tarefa de combate ao terror, claro, é de responsabilidade do setor público. Contudo, levando em consideração a falta de verba, recentemente anunciada pelo secretario de segurança do Rio, a atuação do setor privado é essencial. Cada hotel ou rede hoteleira tem uma responsabilidade Civil sobre seus hóspedes, e visitas incluindo delegações e representantes de inúmeros países, e devem se preparar da melhor forma para recebe-los com a garantia de um ambiente seguro .A Cadeia hoteleira deve aproveitar qualquer momento restante até os jogos para treinar as equipes e implantar as medidas de segurança necessárias em cada hotel conforme as orientações abaixo.

Nesse sentido, algumas orientações podem fazer a diferença em prol da segurança. Gerentes e colaboradores de cada hotel devem se conscientizar de forma objetiva e bem ilustrada quanto aos sinais suspeitos (objetos ou pessoas) relacionados ao terrorismo, e o que fazer ao identificá-los.

Gestores hoteleiros e responsáveis pela área de segurança também devem ter elaborado um plano de ação para fortalecer a proteção no período dos Jogos que inclua, entre outras ações, barreiras físicas, acréscimo de efetivo, controle de acesso com seleção das pessoas e controle de acesso interno aprimorado.

Procedimentos de segurança para a prevenção de possíveis ocorrências, incluindo ações terroristas, e procedimentos para pronta reação em casos de emergência relacionados ao terrorismo – objeto ou carro suspeito, aviso de bomba, entre outros – também precisam ser elaborados.

Cabe aos responsáveis como medida preventiva, ainda, avaliar quais pessoas relacionadas aos Jogos Olímpicos se hospedarão no hotel e se oferecem um aumento de risco para o local, e alinhar o contato entre os órgãos públicos de emergência e a central de operações, para facilitar o recebimento de informações e o envio de alerta em caso de suspeita ou de necessidade de intervenção.

A situação mundial não nos permite contar com a sorte. Cada um deve fazer sua parte, dentro de suas possibilidades e de acordo com sua responsabilidade. Tudo para que ao final dos Jogos Olímpicos prevaleça somente o clima de comemorações.

* Inbal Blanc* é sócio fundador da SEGURHOTEL, consultoria especializada em controle de perdas e segurança para hotéis. Possui 15 anos de experiência na área de segurança, tendo feito parte das tropas de elite do exército de Israel.

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